Geografia Sentimental, de Aquilino Ribeiro, um dos mais profícuos romancistas portugueses da primeira metade do século XX, vai ter uma nova edição com prefácio de Aníbal Cavaco Silva. O livro, que chega às livrarias a 16 de maio, surge no âmbito da reedição da obra completa de Aquilino pela Bertrand Editora.
Publicado originalmente em 1951, Geografia Sentimental é um retrato da Beira Alta onde Aquilino nasceu e cresceu, dos seus «lugares, seres e coisas». Um cenário de paisagens deslumbrantes, onde cada pedra, monte e aldeia guarda uma história, Geografia Sentimental revela como a natureza moldou os beirões, fazendo parte da sua identidade.
No prefácio da nova edição da Bertrand Editora, o antigo Presidente da República elogiou as «descrições soberbas» de «paisagens de uma beleza rija como as pessoas que as habitam», escritas por «um prosador que merece ser lembrado e admirado». Comparando o livro a «uma manta de retalhos», Cavaco Silva destacou o «fio condutor que o conduz, do princípio ao fim: o rio Vouga». Ao longo das suas águas, Aquilino vai-se deparando com «as gentes» para quem o rio «é fonte de vida».
Convidando o leitor a conhecer a Beira de Aquilino através da sua Geografia Sentimental, e a entrar num lugar e numa época «que têm muito para nos ensinar», o antigo Presidente da República lembrou que «a interioridade deixou de ser um estigma e passou a ser um estímulo para a redescoberta da luz de inspiração dos antepassados».
A nova edição de Geografia Sentimental será apresentada a 25 de maio, pelas 17h, durante a cerimónia de encerramento do Programa das Comemorações dos 60 Anos da Morte de Aquilino Ribeiro, no Panteão Nacional, em Lisboa, onde está patente, até ao final de maio, uma exposição de homenagem ao escritor. A apresentação contará com a presença do prefaciador, Aníbal Cavaco Silva. Está também confirmada a atuação do Conservatório Regional de Música de Ferreirim.
Sobre o Autor
Aquilino Ribeiro nasceu na Beira Alta, concelho de Sernancelhe, em 1885, e morreu em Lisboa em 1963. Deixou uma vasta obra em que cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, nas palavras de Óscar Lopes, o primado das Letras portuguesas do século xx. Foi sócio de número da Academia das Ciências e, após o 25 de Abril, reintegrado, a título póstumo, na Biblioteca Nacional, condecorado com a Ordem da Liberdade e homenageado, aquando do seu centenário, pelo Ministério da Cultura. Em setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo foi depositado no Panteão Nacional.