terça-feira, 22 de outubro de 2024

Presidente da República entregou Prémios da Estoril Sol

O Presidente da República com Guilherme d’Oliveira Martins, Pacheco Pereira, Lídia Jorge, Francisco Mota Saraiva e Mário Assis Ferreira


Em cerimónia solene no Auditório do Casino Estoril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entregou o Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural a José Pacheco Pereira, assim como os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, e referentes a 2023, respectivamente, a Lídia Jorge e Francisco Mota Saraiva.

O Presidente da República iniciou o seu discurso enfatizando o papel preponderante da Estoril Sol em prol da cultura. “Esta casa acolheu fraternalmente, décadas a fio, a cultura nacional e internacional, na literatura, nas artes plásticas, na música, no teatro. Uma palavra é devida, em particular, a Mário Assis Ferreira por ter sido o símbolo dessa coerência e consistência. O meu reconhecimento por aquilo que é uma vida dedicada à cultura de forma intensa e apaixonada, por vezes discreta, mas sempre coerente e consistente”.

No enquadramento das obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri, referiu que “Misericórdia”, vencedor do Prémio Fernando Namora, “é um livro que se espera de uma grande escritora e todos lhe estamos muito gratos. Trata-se, de facto, de uma obra maior na bibliografia da escritora Lídia Jorge”. Já sobre Francisco Mota Saraiva, galardoado com o Prémio Revelação Agustina Bessa Luís, realçou que a obra “Aqui Onde Canto e Ardo” evidência um conjunto de referências narrativas, das quais é de destacar “a riqueza vocabular e os cruzamentos com figuras da cultura ocidental que dão ao texto uma maturidade estilística com assinalável alcance literário”.  Em relação ao vencedor do Prémio Vasco Graça Moura, enalteceu o percurso de vida de José Pacheco Pereira, “no tocante ao empenhamento em prol da defesa do bem comum, em especial quanto ao conhecimento histórico e à preservação do património cultural. Graças à criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera tem sido possível a reunião de documentos e objectos únicos, indispensáveis para a compreensão dos acontecimentos da história política portuguesa”.

Após o momento solene da entrega dos prémios aos três vencedores pelo Presidente da República, foi Lídia Jorge quem usou da palavra, manifestando a sua “alegria” pelo galardão: “só tenho de agradecer que um livro meu tenha merecido este Prémio Fernando Namora, e fique a fazer parte, daqui em diante, da sua genealogia. Oxalá este prémio se prolongue por mais 26 edições”.

Já Francisco Mota Saraiva sublinhou que “felizmente há entidades, como a Estoril Sol e a Gradiva, que há mais de 16 anos continuam a acreditar no poder das palavras - encimando-as com o nome único de Agustina Bessa-Luís”.

Por seu lado, José Pacheco Pereira referiu que o Prémio Vasco Graça Moura que recebeu será colocado ao serviço da Ephemera, “um trabalho de militância da memória, na convicção, voltando ao princípio, de que se dermos espessura com o passado ao presente na democracia, teremos a única coisa que os homens podem esperar da sua passagem pela terra, melhor vida, como se dizia antigamente, mais paz, mais pão, melhor povo e mais liberdade”.

Na abertura da cerimónia, Mário Assis Ferreira, referiu em nome da Estoril Sol: “A realização anual desta cerimónia de entrega dos Prémios Literários aos vencedores nas três modalidades instituídas pela Estoril Sol é uma solenidade especialmente gratificante para esta Empresa que sempre apostou na Cultura enquanto complemento natural da sua actividade. Apesar das incertezas dos últimos anos − desde os efeitos corrosivos da pandemia, à feroz concorrência do jogo online, aos constrangimentos inerentes a um novo e mais oneroso contrato de concessão – a Estoril Sol nunca interrompeu a atribuição anual dos Prémios Literários, ao contrário de tantas outras entidades do sector. A verdade é que o gosto pelo desafio em contraciclo faz parte do ADN desta Empresa, e o investimento na Cultura integra, até hoje, uma linha conceptual em que a Estoril Sol se revê e, oxalá, assim possa continuar, valorizando a Literatura, as Artes e o Entretenimento. De facto, sem essa estreita ligação à Cultura, que é a nossa “imagem de marca” e tem moldado o prestígio da Estoril Sol, ficaríamos alheios ao ensejo de retribuir o muito que devemos ao Turismo e à Cidadania.