A improvisação na música é por vezes uma prática pouco reveladora dos mecanismos internos de criação. As regras e padrões que a guiam podem não ser evidentes. No entanto, existe música que, embora possa conter elementos formais reconhecíveis, é predominantemente improvisada, pois o seu principal objetivo é estimular a interação entre a escuta e a ação em tempo real. The Dwarfs of East Agouza ocupam uma posição especial entre a espontaneidade da improvisação e a profundidade das várias influências que cada um dos seus membros explora.
O trio fundado no Egito por Maurice Louca (Alif, Bikya), Sam Shalabi (Land of Kush, Shalabi Effect) e Alan Bishop (Sun City Girls, The Invisible Hands) tem desenvolvido uma identidade musical definida pela fusão de free jazz, krautrock e a pulsação do Shaabi. Detentores de uma discografia extensa ampliada com o recentemente editado High Tide in the Lowlands pela Sub Rosa, é em palco que The Dwarfs of East Agouza revelam a sua mestria na capacidade de erguer e desfazer composições de forma engenhosa, sem subterfúgios, movidos por uma fluidez que une o psicadélico e o ancestral, através de gestos de expansão e contração.
Biografia
Os Dwarfs of East Agouza nasceram em 2012, quando os três membros viviam no mesmo edifício de apartamentos no bairro de Agouza, no Cairo. As explorações instrumentais do trio, baseadas na improvisação, são impulsionadas pelos loops de percussão norte-africanos e pelas teclas cintilantes de Maurice Louca, pela guitarra de free jazz de Sam Shalabi, com toques da África Ocidental, e pelo baixo acústico de Alan Bishop, ao estilo Krautrock. Após muitas sessões de improvisação nocturnas, a banda gravou horas de material e lançou o seu álbum duplo Bes através da Nawa Recordings em 2016. Com o nome da divindade anã do Antigo Egito que era adorada como defensora de todas as coisas boas e inimiga de tudo o que é mau, Bes capta o trio numa viagem hipnótica eimprevisível.