Os Portugueses ocupam o 5.º lugar no ranking mundial em termos de conhecimentos de cibersegurança e privacidade na internet, de acordo com um novo estudo da empresa de cibersegurança NordVPN. Se sabem lidar com ofertas de serviços de streaming suspeitos e criar palavras-passe fortes (97% em ambas as questões), mostraram ter mais dificuldade em identificar os problemas de privacidade que estão envolvidos na utilização da IA para trabalhar (8%).
O Teste Nacional de Privacidade (TNP) é um inquérito global feito todos os anos para avaliar a consciência das pessoas em matéria de cibersegurança e privacidade online, e educar o público em geral sobre as ciberameaças e a importância da segurança dos dados e da informação na era digital. Este ano, recebemos 25 567 respostas de 181 países.
"À medida que o panorama das ameaças digitais evolui mais rapidamente do que nunca, é importante que os utilizadores da internet compreendam o quanto é necessário proteger as suas informações pessoais. O Teste Nacional de Privacidade assume a responsabilidade de educar as pessoas sobre ciberameaças à escala planetária e de dar dicas essenciais que ajudem os participantes a proteger-se contra fraudes, a recolha de dados, a vigilância e outros perigos online”, diz Marijus Briedis, diretor de tecnologia (CTO) da NordVPN.
Estes foram os países que conquistaram os três primeiros lugares na sensibilização para a privacidade na internet e a cibersegurança:
- Singapura (62/100)
- Finlândia e Lituânia (61/100)
- Alemanha e Estados Unidos (60/100)
No entanto, os resultados deste ano mostraram que a sensibilização para a cibersegurança e a privacidade online em termos globais mostra uma tendência de queda nos últimos anos.
“Os avanços tecnológicos podem ser esmagadores para algumas pessoas, que têm dificuldade em acompanhar o ritmo. As aplicações práticas online fazem cada vez mais parte do nosso dia a dia, e as pessoas dão muitas vezes prioridade à facilidade de utilização, em detrimento da privacidade, expondo-se inadvertidamente a riscos. Mesmo sendo preocupante assistir ao declínio da consciência global de privacidade na internet, esta tendência apenas vem confirmar a necessidade crescente de educação sobre como proteger os nossos dados pessoais online”, afirma Briedis.
Os Portugueses sabem criar palavras-passe fortes, mas chumbam em questões de privacidade relacionadas com a IA
Os resultados do teste mostraram que os Portugueses sabem como lidar com ofertas de serviços de streaming suspeitas e como criar palavras-passe fortes (97% em cada). Também sabem que permissões devem conceder às diferentes aplicações (95%) e estão cientes dos riscos de se guardar os dados dos cartões de crédito nos navegadores (92%) ou que informações confidenciais se deve evitar partilhar nas redes sociais (90%).
No entanto, apenas 8% dos Portugueses têm conhecimento das questões de privacidade a ter em conta ao utilizar a IA para trabalhar, e apenas 17% sabem que dados os provedores de internet (ISP) recolhem nos metadados. Além disso, os Portugueses desconhecem maioritariamente como proteger a sua rede Wi-Fi doméstica (20% de respostas certas), considerando-a provavelmente segura à partida. Por último, apenas um em cada quatro Portugueses sabe onde guardar as palavras-passe em segurança – por exemplo, em serviços de gestão de palavras-passe ou ferramentas de proteção da privacidade digital.
1% dos Portugueses são Nómadas cibernéticos (isto é, não sabem praticamente nada sobre cibersegurança e privacidade na internet), ao passo que a maioria (69%) obteve 50-74 pontos, inserindo-se no grupo dos Ciberaventureiros, alguém que percebe bastante do assunto, mas ainda tem margem de melhoria. Já o número de Estrelas cibernéticas em Portugal baixou 7% este ano.
Quais são as principais mudanças nos resultados dos Portugueses em relação ao ano passado?
Em comparação com 2023, há menos Portugueses que compreendem os benefícios de segurança de se atualizar as aplicações assim que houver atualizações disponíveis. Enquanto, em 2023, 72% disseram que fazem as atualizações de imediato, este ano a percentagem é de apenas 59%. Também menos 7% das pessoas sabe identificar um site de phishing. Em compensação, mais Portugueses sabem o que fazer quando um hacker pede um resgate em dinheiro (64% em 2023 vs. 74% em 2024).
Os participantes portugueses tiveram os melhores resultados entre os países do Sul da Europa (França, Itália e Espanha), sendo os que conhecem melhor os dados que os provedores de internet recolhem como parte dos metadados. No entanto, em comparação com a média global, estão menos informados sobre como o Facebook pode recolher dados de pessoas que não têm conta nessa rede social ou o que fazer depois de receberem um e-mail inesperado do banco a informá-los de um levantamento.
As pessoas entre os 30 e os 54 anos são as mais sensibilizadas para a privacidade na internet em termos globais
A pontuação global do TNP foi de 58% este ano, o que mostra uma descida na consciência mundial quanto a questões de cibersegurança e privacidade online, em comparação com 2023 (61%) e 2022 (64%).
Principais conclusões globais:
- As pessoas dos 30 aos 54 anos têm mais competências de cibersegurança, com a maioria das Estrelas cibernéticas situando-se nesta faixa etária.
- Juntamente com o setor de TI, os inquiridos dos setores financeiros obtiveram pontuações ligeiramente mais altas do que os outros no TNP.
- As pontuações nas categorias de “consciência da privacidade” e “tolerância ao risco digital” foram mais baixas do que em 2023, devido a duas novas perguntas sobre a IA — apenas 5% responderam acertadamente.
“Atualmente, as pessoas preocupam-se mais com os benefícios imediatos do que com a segurança a longo prazo, o que pode ter contribuído para a diminuição da consciência da privacidade. Além disso, à medida que contactam com um grande volume de conteúdos, os alertas importantes de segurança e as dicas de privacidade costumam perder-se pelo caminho”, diz Briedis.
Medidas para aumentar a segurança e a privacidade online
Marijus Briedis, da NordVPN, sugere uma série de passos que as pessoas podem tomar para melhorar a sua privacidade e segurança online:
- Criar palavras-passe únicas e fortes. Utilize palavras-passe únicas e robustas para cada uma das suas contas online. É aconselhável utilizar um gestor de palavras-passe e, se possível, configurar um início de sessão com chave de acesso para as suas contas.
- Ative a autenticação multifator (MFA). Reforce a segurança das suas contas ativando a autenticação multifator, que lhes acrescenta uma camada de segurança ao pedir um método de verificação adicional.
- Mantenha o seu software atualizado. Atualize regularmente o seu software, sistemas operativos e aplicações. Isto ajuda a corrigir vulnerabilidades e a garantir a aplicação de eventuais correções de segurança.
- Utilize uma rede privada virtual (VPN). Use sempre uma VPN para encriptar a sua ligação à internet e proteger as suas informações pessoais de intrusos.
- Verifique as suas definições de privacidade. Confira e ajuste regularmente as suas definições de privacidade nas plataformas de redes sociais, aplicações móveis e outros serviços online que utiliza.
- Informe-se sobre cibersegurança. A aprendizagem contínua permite-lhe tomar decisões informadas sobre como resguardar a sua presença online.
Metodologia
O Teste Nacional de Privacidade é um inquérito de acesso livre, que permite que qualquer pessoa no mundo responda e compare os seus resultados com os resultados globais. Em 2024, 25 567 inquiridos, oriundos de 181 países, responderam a 23 perguntas que avaliaram os seus conhecimentos e competências em matéria de privacidade online. Os dados de 2024 foram analisados em 17/07/2024 e apresentados num relatório. Se houver alguma diferença em relação aos resultados da página web, isso significa que houve outras pessoas a participar desde 17 de julho e que isso produziu uma ligeira alteração nos resultados. A análise de 2023 tem em consideração os resultados totais desse ano. A comunicação do ano passado analisou apenas os resultados provisórios obtidos até 19 de julho de 2023.