quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Entre memória e futuro, são muitas as vozes que se erguem neste Porto/Post/Doc 2025



Um total de 135 filmes compõem a programação da edição deste ano do Porto/Post/Doc. A ter lugar entre 20 e 29 de novembro e tendo como fio condutor o tema “O Tempo de Uma Viagem”, a programação fílmica do festival portuense é o retrato de  um mundo em movimento e um mosaico para as diferentes formas de vidas que o habitam. Por entre as ameaças ao mundo contemporâneo, o cinema emerge como um espaço de empatia, encontro e apelo à ação. 

A Competição Internacional reúne 8 longas-metragens que desafiam os limites entre documentário e ficção, explorando temas sociais, políticos e humanos em diferentes geografias. De Jerusalém e o poder da arquitetura à vida de um jovem mineiro no México; da influência do dinheiro obscuro na política dos EUA à memória crítica do cerco de Fiume; da invasão da Ucrânia à crise dos incêndios na Galiza; passando pela habitação precária americana e um verão rural na Rússia, os filmes revelam vidas, resistências e fragilidades humanas, cruzando fronteiras e narrativas com sensibilidade e olhar crítico.

Novidade este ano, a Competição Internacional de Médias e Curtas-Metragens apresenta cinco programas que oferecem uma visão vibrante do cinema contemporâneo. Os filmes abordam questões políticas, artísticas e temáticas -  da memória histórica à identidade, dos traumas à resistência - , muitas vezes recorrendo a linguagens experimentais e a um estilo ensaístico. Oscilando entre o arquivo e a ficção, o documentário e a animação, cada sessão compõe um ensaio sobre o presente e a ousadia de uma nova geração.

A secção Transmission volta a trazer para cima da mesa a voz dos movimentos culturais e musicais de todo o mundo. Dos “listening” cafés de Tóquio às ruas dominicanas do dembow, das raves de Roterdão ao hip-hop português da margem sul, do flamenco virtuoso de Yerai Cortès às experiências de artistas culto como Madonna, Butthole Surfers, Orlando Pantera, The Residents, cada filme retrata comunidades, memórias e gestos de invenção. Nesta encruzilhada entre arquivo, performance e viagem, a música surge como linguagem comum que atravessa fronteiras e gerações. 

Com uma programação que aposta na mostra de novos talentos e na criação cinematográfica sobre o Porto, a Competição Cinema Novo apresenta uma seleção de 11 curtas-metragens de jovens cineastas e estudantes, espelhando a vitalidade das escolas de cinema; enquanto o programa Working Class Heroes apresenta os olhares de Elena López Riera, Pedro Neves e Vlad Petri, realizadores convidados a desenvolver novos projetos no âmbito da bolsa Working Class Heroes 2025 - uma parceria com a Filmaporto – film commission e a #CaixaForumPlus da Fundação “la Caixa”. 

Na sala mais inusitada do festival, o Planetário do Porto, o cinema expande-se em todas as direções com oito filmes fulldome que cruzam arte e ciência explorando o cosmos, a matéria escura e os mundos que habitamos reais, imaginados ou ainda por descobrir.

Fora das competições, as Sessões Especiais afirmam o cinema como espaço de pensamento e intervenção, reunindo filmes que exploram deslocação, identidade e resistência. Da antestreia mundial de “Cabo do Mundo” (vencedor do Working Class Heroes 2023) ao retrato das mulheres migrantes em “Bulakna”, das cidades submersas do Curdistão em “A Cidade Que Se Foi Embora” às lutas de “Yanuni” e às memórias do exílio de “Pequena Síria”. Nota ainda para a exibição de "Nova’78" de Rodrigo Areias e Aaron Brookner, uma viagem à contracultura dos 70 com imagens inéditas da Nova Convention: Burroughs, Patti Smith e Zappa em três dias de liberdade criativa, e "Magia Selvagem", de Sean Dunne, uma viagem caleidoscópica pela América mística contemporânea, revelando a magia escondida que acontece à nossa volta.

Anunciados estavam já os focos nos realizadores Andrei Ujică e Lina Soualem, assim como a seleção para os programas O Tempo de Uma Viagem e Cinemateca Ideal dos Subúrbios do Mundo e as escolhas para a competição Cinema Falado.