quinta-feira, 30 de outubro de 2025

"José Sócrates, Ascensão (1957-2005)" de João Miguel Tavares



"José Sócrates  - Ascensão (1957-2005)", do jornalista e comentador João Miguel Tavares é apresentado, hoje, 30 de outubro, às 18h30, na Almedina Fontes Pereira de Melo, numa conversa entre Felícia Cabrita, José Manuel Fernandes e Ricardo Costa. Resultado de quase dez anos de investigação, a biografia analisa o percurso de José Sócrates, desde o nascimento até à sua transformação no homem mais poderoso do país, quando conquistou a primeira maioria absoluta para o Partido Socialista.

Tem como base milhares de notícias, assinadas por centenas de jornalistas, publicadas em dezenas de jornais e revistas, e procura demonstrar que não era preciso esperar por 2014, e pelas informações recolhidas na Operação Marquês, para compreender quem José Sócrates era. O livro é, por isso, uma tentativa  de responder, de forma mais profunda  e estruturada, a duas questões. Porque é que Sócrates é um político diferente dos outros? Porque é que Portugal é um país onde um político com o seu perfil conseguiu atingir o lugar mais poderoso do Estado e manter-se lá, no meio de inúmeros escândalos? É essencial perceber como construiu a sua carreira, como se impôs no PS, como permaneceu seis anos em São Bento, que estratégias utilizou para manter o poder, como criou o seu círculo de fiéis, como geriu a relação entre público e privado, e, em última análise, qual foi o combustível que o impeliu a empenhar a sua vida em tais actividades.  

João Miguel Tavares considera "um dever cívico" saber quem Sócrates é e como chegou tão longe e acredita que os seus anos como primeiro-ministro, e a forma como o seu processo judicial se desenrolou, vão marcar a História da nossa democracia: "Sócrates foi um pioneiro: o primeiro político português sem linhagem – cresceu na Covilhã – e sem currículo – uma licenciatura duvidosa que lhe foi atribuída por uma universidade sem prestígio quando já tinha quarenta anos – a conseguir chegar a primeiro-ministro. Ele é, nesse sentido, o primeiro primeiro-ministro filho da democracia portuguesa. Alguém com as suas limitações, de berço e de currículo, jamais teria conseguido romper as estruturas hierárquicas da Monarquia, da Primeira República ou do Estado Novo e alcançar o lugar mais poderoso do país. Escrever sobre José Sócrates é uma outra forma de escrever sobre o Portugal dos últimos 50 anos."

Não se trata apenas de elencar, segundo o autor, as características pessoais de José Sócrates que explicam a forma como "ele nos enganou". Trata-se também de revelar as falhas coletivas e institucionais – falta de espírito crítico dos seus apoiantes, sectarismo partidário, falta de independência da justiça, falta de escrutínio da comunicação social, excesso de peso do Estado, excesso de credulidade de alguns eleitores, excesso de tribalismo de muitos comentadores – que conduziram a que o país se deixasse enganar.

A "José Sócrates  - Ascensão (1957-2005)",que agora chega às livrarias, seguir-se-á um segundo volume, intitulado Poder, que acompanhará os seus seis anos como primeiro-ministro, entre 2005 e 2011. "Se depois desse volume ainda me sobrar tempo, força e paciência, haverá um terceiro livro – Queda – dedicado à sua detenção, acusação e julgamento", diz João Miguel Tavares.

Sobre o Autor

João Miguel Tavares nasceu em 1973,  em Portalegre. Licenciou-se em Ciências da  Comunicação. Foi jornalista no Diário de Notícias e fundador da revista Time Out Lisboa. Hoje  é colunista do Público, co-autor do podcast E o Resto É História, no Observador, e comentador televisivo no Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer, da SIC Notícias.