Há 21 anos, a Renault Portugal apostou em Pedro Matos Chaves para regressar oficialmente aos ralis, na época, com um Clio S1600. Hoje, o ex-piloto é a escolha da marca para assumir as funções de coordenador desportivo do Clio Trophy Portugal.
Como coordenador desportivo, Pedro Matos Chaves vai ser responsável pelas relações com as equipas, os pilotos e as organizações dos cinco ralis que vão integrar o calendário da iniciativa. “É uma alegria a Renault ter-se lembrado de mim para ajudar na organização do Clio Trophy Portugal. É uma honra e um enorme sentido de responsabilidade fazer parte de um projeto que, estou seguro, vai ser um sucesso e por várias razões: pela tradição da marca no desporto automóvel, pela competitividade e fiabilidade do Clio Rally 5 e por se tratar de uma competição perfeita para a juventude”.
O primeiro troféu de ralis promovido pela Renault, em Porutgal, é uma proposta única no contexto nacional, com os pilotos e, sobretudo, os mais jovens a terem a oportunidade de competir, com um carro competitivo, fiável e com um preço acessível. Com um custo de aquisição sensivelmente um terço abaixo do de outras propostas do mesmo âmbito, o Clio Rally5 beneficia de uma homologação FIA e assume-se como um verdadeiro carro de ralis, sendo equipado com uma caixa de velocidades sequencial Sadev, diferencial autoblocante, suspensões e travões específicos e, claro, de todos os equipamentos de segurança exigidos pelos regulamentos internacionais.
O motor é o comprovado bloco 1.3 TCe comum a tantos modelos da gama Renault e Dacia, como o Clio, Captur, Arkana ou Duster, mas preparado de acordo com os regulamentos técnicos Rally5, com 180 cavalos de potência e 300 Nm de binário, às 6.500 rpm. Sublinhe-se que também o chassis é herdado do Clio de série, enquanto a tração é feita às rodas dianteiras.
Os meses de desenvolvimento, mas também os sucessos e os níveis de fiabilidade revelados, nos últimos anos, em diferentes campeonatos e competições nacionais disputados na Europa e fora do “velho continente”, confirmam o Clio Rally5 como a solução perfeita para quem quer dar os primeiros passos no desporto automóvel e com custos verdadeiramente contidos. E são os números de produção que (também) o confirmam: a Renault já entregou a unidade 820 da versão de competição do Clio. Um número impressionante, sendo que 25% correm em troféus monomarca disputados na Europa e todos preparados de acordo com os regulamentos R5.
Um sucesso (também) comercial que pode ser justificado por um argumento extra: uma versatilidade sem paralelo. É que o Clio desenvolvido a pensar na competição pode desdobrar-se em três versões distintas: Clio Rally (para os ralis); Clio RX (para as provas de Off-Road) e Clio Cup (para as provas de pista).
Os regulamentos desportivos e técnicos do Clio Trophy Portugal vão ser divulgados muito em breve.
Quem é Pedro Matos Chaves
Pedro Matos Chaves é um dos mais bem-sucedidos pilotos portugueses de sempre. Com sucessos em várias categorias em Portugal e no estrangeiro, pode orgulhar-se de ter sido um dos poucos que chegou à Fórmula 1, para além de ter sido piloto oficial da Renault Portugal, nos anos de 2003, 2004 e 2005.
As primeiras aventuras ao volante começaram como a de tantos outros pilotos, pelo Karting.
Em 1985, no ano de estreia nos automóveis, venceu o Troféu Starlet. Na época seguinte, ascendeu aos monolugares e foi na Fórmula Ford, em Portugal e Inglaterra, que somou sucessos.
O seu talento despertou o interesse das equipas de Fórmula 3000 (a antecâmara da Fórmula 1), estreando-se nesta categoria em 1989. No ano seguinte, o então piloto de Fórmula 1 Nigel Mansell contratou-o para defender as cores da sua equipa. E Pedro Matos Chaves não o desiludiu – antes pelo contrário! – sagrando-se campeão britânico de Fórmula 3000.
A carreira consistente e os excelentes resultados obtidos nas diferentes disciplinas permitiram-lhe, em 1991, realizar o sonho de participar no grande "circo" da Fórmula 1, com a Coloni, mas a equipa nunca conseguiu produzir material suficientemente competitivo.
Em 1993, rumou aos EUA e à Fórmula Indy Lights, voltando a subir ao lugar mais alto do pódio.
Em 1996, Pedro Matos Chaves deixou os monolugares e apostou no Campeonato Espanhol de Superturismo, conquistando o “título” de vice-campeão. Em 1997, o piloto do Porto teve uma passagem efémera no Campeonato FIA-GT, na Categoria GT2, com um Porsche, mas suficiente para subir ao pódio em duas ocasiões.
O ano de 1998 foi o de viragem da carreira, com a mudança das pistas para as florestas portuguesas, do asfalto para a terra e da habitual "solidão" de um piloto de pista pela coabitação de um carro de rali com um navegador. se, na época de estreia na modalidade, surpreendeu os mais céticos, conquistando lugares no pódio, em 1999 e 2000, Pedro Matos Chaves cometeu mesmo a proeza de sagrar-se Bicampeão Nacional de Ralis. Já em 2001 garantiu o pódio nas contas finais do campeonato, sempre ao volante de um Corolla WRC.
A temporada de 2002 foi marcada por um regresso aos circuitos. Uma passagem que não estranhou, como prova a conquista do título de Campeão de Espanha GT. Em 2003, voltou a apostar no GT, desta vez no Campeonato FIA, mas apesar da discussão dos lugares cimeiros, não deixou de sonhar com o regresso aos ralis.
Objetivo consumado com o acordo estabelecido com a Renault Portugal. Uma das equipas históricas de Portugal, que representou até 2005 e na qual alcançou vários sucessos na Categoria S1600.
Depois de algumas participações muito esporádicas, sem objetivos desportivos, em 2022, Pedro Matos Chaves aceitou o desafio de homenagear o 60º Aniversário da Renault 4L com uma inédita participação no Safari Classic Rally. Uma aventura que passou com distinção: subida ao pódio final da prova queniana e atribuição do “Prémio de Mérito” e isto logo no ano de estreia.