quarta-feira, 3 de maio de 2017

Nova edição de «O Homem da Nave», de Aquilino Ribeiro, chegou às livrarias


Na passada sexta-feira chegou às livrarias portuguesas uma nova edição de O Homem da Nave, de Aquilino Ribeiro, pela Bertrand Editora. O livro consiste num conjunto de crónicas da Serra da Nave e os homens que lá vivem, sendo que esta edição inclui prefácio do geógrafo Álvaro Domingues.  

Em O Homem da Nave, Aquilino Ribeiro descreve o camponês serrano ardiloso, orgulhoso e batalhador, que segue os ritmos do ano e da terra, vivendo da caça, do campo, dos pequenos episódios do dia-a-dia. Lê-lo é sermos transportados para aqueles brejos e montes, para aquelas estações inclementes, é sentirmos que percorremos a Serra e conhecemos as pessoas com quem nos cruzamos pelo caminho.

«Compreende-se que o homem que teve a madrigueira na montanha ame a montanha. Ela lhe é dilecta como um lar comum e o alicerce dá sua psique. A montanha criou pois o rebelde crónico e o lobo sem coleira. Nada de tutelas. Vassalos os da planície, que se civilizaram mais depressa e se deixaram penetrar por influências sopradas de todos os quadrantes. Senão repare-se: enquanto o camponês do vale põe a sua gabardine ou trincheira, o serrano guarda a capucha. Aquele calça botifarras à prateleira, o serrano tamancos de encouras, ferrados de grossas brochas poliédricas. Um traz relógio no pulso, outro o cebolão com o pinto à dependura. Ainda se encontra também pelas falperras alpestres o velhote bem-falante e salomónico, ajoujado às vezes de suíças, umas suíças antediluvianas, grisalhas e nédias, sombreando o rosto como duas labaças tropicais.»

Aquilino Ribeiro é considerado um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX, tendo deixado uma vasta obra em que cultivou todos os géneros literários. O lançamento deste livro está marcado para o dia 27 de Maio, na Serra da Nave, permitindo recordar, na data da sua morte, a importância da sua obra.