A Oficina do Livro editou ontem, “Não Há Vidas Perfeitas”, autobiografia sem filtros da atriz Fernanda Serrano, que comemora hoje 50 anos. “É uma data marcante, que nos faz pensar. Faz-nos avaliar o que já vivemos, mas também perspetivar o que está para vir. Aos 50, parece-me uma boa altura para reavaliar o que já vivi, pensar naquilo que quero viver, e como, daqui para a frente”, escreve a atriz, que admite ter descoberto aos cinco, seis anos, que não há vidas perfeitas.
“Isso nunca foi desculpa para parar, desacelerar, para me desmotivar, resignar. Não! Resignação, definitivamente, não é palavra que faça parte do meu léxico. Paciência, talvez. Às vezes, é preciso ter paciência e perceber que há que esperar para conseguirmos aquilo que queremos. Este livro é a visão de uma mulher como eu, simples, descomplicada q.b., escrevi-o a pensar nas mulheres, pois são quem mais me aborda e me faz chegar mensagens e conversas que ficam sempre, e só, entre nós.”
Fernanda Serrano admite que este é um livro sem pretensões, sem nada para ensinar, sem fórmulas mágicas. “Não é um livro de autoajuda. Não aprecio livros que nos dão uma única receita, que servem um modelo igual para todos. Isso não faz qualquer sentido. Cada um de nós é um mundo, com as suas particularidades e circunstâncias. Podemos aproveitar coisas que funcionam com os outros, mas nem tudo serve para todos. Se me pedissem para dizer um lema de vida, acho que seria: ‘Estamos sempre a tempo de tudo.’ É isso que quero partilhar convosco. Estou muito a tempo de ser melhor mãe, melhor educadora, melhor amiga, melhor filha, melhor atriz, melhor empresária. E, vocês, estão a tempo do quê? Estamos todos a tempo de sermos melhores, de fazermos a diferença em nós e/ou em alguém.”
Num registo confidente e intimista, a atriz recua à sua infância, marcada pelo amor dos pais, mas também por dificuldades económicas e alguma solidão, recorda a sua independência financeira precoce graças a uma beleza física de que não tinha consciência, lembra a evolução como modelo e revela um instinto invulgar para agarrar oportunidades, como o casting inesperado em Barcelona onde descobriu a paixão de representar.
Fernanda fala ainda do sonho concretizado de construir uma família grande, de adversidades como o divórcio e todo o sofrimento associado a essa decisão, das suas referências pessoais e profissionais, como Nicolau Breyner e Pedro Lima, do despertar tardio para a importância da saúde mental e dos numerosos planos para um futuro que começa hoje e agora. Numa era de felicidade fabricada nas redes sociais, “Não Há Vidas Perfeitas” é um testemunho autêntico e, também, um ato de coragem protagonizado por uma das mais prestigiadas e carismáticas atrizes portuguesas.
“Sou sempre genuína, ou pelo menos tento, muito, ser eu própria, não invento vidas que não tenho. A verdade é que, desde miúda, sempre fui muito ‘solar’, muito positiva. E se esta minha maneira de ser pode ajudar outros, sinto que devo partilhá-la… Bom, apesar de ser uma otimista por natureza, também há dias em que não estou bem, pelo menos como gosto sempre de estar. Para quem está de fora, a minha vida talvez possa parecer muito glamorosa, mas não é muito diferente da de milhares de mulheres que, como eu, são mães, filhas, profissionais, amigas. Tive e tenho realizações e frustrações, momentos de grande felicidade e de grande tristeza — e, efetivamente, sou assim, ou oito ou oitenta, nunca sessenta e cinco ou quarenta; ser “mais ou menos” não é para mim! —, tenho fraquezas e forças.”
Sobre a Autora
Fernanda Serrano é uma das mais conhecidas atrizes portuguesas. Nasceu a 15 de novembro de 1973, em Lisboa, mas considera-se alentejana de corpo e alma. Inquieta por natureza, estudou Línguas na Universidade Autónoma de Lisboa, mas a moda conquistou-a. Como modelo conheceu vários lugares do mundo, entre os quais Barcelona, onde descobriu a sua paixão pela arte de representar. É mãe de quatro filhos.