“O Meu Nariz é Árabe” é uma celebração das nossas raízes árabes, destes vizinhos que nos influenciaram na forma de ver a vida e na poética de sentir o mundo. O nosso nariz árabe, esse apêndice corporal que nos permite respirar e nos marca as linhas de identidade de um rosto, representa uma maneira de ser: amar o prazer das coisas, desenvolver uma sensualidade latente em cada instante, insinuar-nos como serpentes por dentro do ócio solitário ou entre amigos.
O simples facto de sermos presos pelas paixões, de termos acessos excessivos de expressões vindas de sabe-se lá que coração, esse sempre presente diminutivo para cada palavra, uma torrente de afetos que vão da aridez desértica ao excesso sentimentalista, são traços que nos definem.
Mas há uma ponta de vergonha, de embaraço sombrio e cinzento que nos tolhe nesta herança. Porque queremos ser europeus, modernos, fugir dessa aragem africana? Esta procura pelo ser europeu, fundamentada pela influência dos países a norte, faz com que por vezes percamos a nossa raiz árabe. Ou que a procuremos esconder?
João Garcia Miguel escreveu o texto, dirige e é o criador do espaço cénico de “O Meu Nariz é Árabe”, que conta com a composição musical de Artur Fernandes. O espetáculo é interpretado por Gustavo Antunes, Luís Fernandes e Rafael Zink, com a música dos Clarinetes Ad Libitum.
O espetáculo “O Meu Nariz é Árabe” sobe ao palco do Cineteatro Alba este sábado, dia 11, às 21h30.