quarta-feira, 4 de abril de 2018

Está fechada a programação do IndieLisboa 2018


Serão mais de duas centenas de filmes que, entre 26 de Abril e 6 de Maio, farão o alinhamento final de mais um IndieLisboa Festival Internacional de Cinema. Dos heróis Independentes, Jacques Rozier e Lucrecia Martel, às competições principais, aos olhares singulares compilados na secção Silvestre, passando pelo cinema sobre o cinema do Director's Cut, as propostas extremas da Boca do Inferno ou o cinema infanto-juvenil do IndieJúnior, a escolha nesta 15ª edição do IndieLisboa volta a ser diversa, plural e actual.

Reforçando o compromisso do festival para com a produção nacional, serão 21 as obras que, na curta e longa metragem, concorrerão aos principais prémios da Competição Nacional. Rodado numa pequena aldeia de Boticas, Bostofrio, où le ciel rejoint la terre, de Paulo Carneiro, é uma viagem documental onde o próprio realizador procura saber quem era, e como era, o seu avô. A terceira longa metragem de Susana Nobre, Tempo Comum, mescla cinema e realidade, retratando intimamente um momento marcante na vida de um casal, o nascimento da sua primeira filha. Em Our Madness, João Viana prossegue o trabalho da sua primeira longa metragem, A Batalha de Tabatô (IndieLisboa 2013). Aqui o realizador acompanha Ernania na sua deriva espectral por Moçambique, à procura do seu marido e filho. Sandro Aguilar volta também ao IndieLisboa com Mariphasa, uma história que volta a ser prova da excelência do seu cinemaintrigante com laivos de ficção-científica. André Gil Mata estreia-se na longa metragem de ficção com A Árvore, depois das curtas Arca d’Água, Casa, O Coveiro e Num Globo de Neve terem passado pelo festival. Rodado integralmente na Bósnia, durante os rigorosos meses de Janeiro e Fevereiro, este é um filme onde o frio nos penetra em extraordinários planos sequência, filmados em película de 16mm.

Aposta forte também nas curtas metragens de produção portuguesa que, este ano, voltam a destacar os nomes que, acreditamos nós, marcarão a produção cinematográfica internacional e nacional dos próximos anos. Das visões mais experimentais de Num País Estrangeiro, de Miguel Seabra Lopes e Karen Akerman a partir do universo literário da obra de Herberto Helder, à voz única de The Great Attractor, de Rita Figueiredo, das experiências ficcionais Histórias de Fantasmas, de Carlos Pereira, ou Fortuna de Miguel Tavares, aos relatos documentais de Os Mortos, de Gonçalo Robalo, e Mapa-esquisito, de Jorge Vaz Gomes, um mais sério, o outro mais divertido. A ficção representada por Self Destructive Boys, de André Santos e Marco Leão (que depois de Pedrocontinuam a mostrar o seu potencial em progressão), Anjo, de Miguel Nunes (obra de estreia do actor na realização, a partir de uma história sua), Amor, Avenidas Novas, de Duarte Coimbra (um filme de escola - ESTC que é uma ode ao cinema independente), Russa, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr. (do Bairro do Aleixo para Berlim e agora para Lisboa, uma personagem com uma força surpreendente), Sleepwalk, de Filipe Melo (feito a partir de uma banda desenhada sua e de Juan Cava), A Barriga de Mariana, de Frederico Mesquita (ou o eterno conflito - ter ou não ter), ou Instruções Para Uma Revolução, Tiago Rosa-Rosso (em Abril, é tempo de revolução). Na animação, duas surpresas em tom experimental, o trabalho de Maria Ferreira em Via e Manuel Brito em War of the Worlds.

Solidarizando-se com a defesa intransigente do principal legado do cinema português, da sua liberdade e autonomia face aos constrangimentos comerciais permitida pelo continuado apoio de políticas culturais públicas, o IndieLisboa vai pela primeira vez na sua história abrir e encerrar o festival com obras portuguesas: A Árvore, de André Gil Mata, marca a abertura, cabendo A Raiva, de Sérgio Tréfaut o encerramento. Entre uma e outra, haverá quase cinco dezenas de novos filmes portugueses para ver espalhados pelas várias secções do festival. Em destaque o olhar sobre o trabalho de Rino Lupo, no documentário homónimo de Pedro Lino, e a família do cineasta Tonino De Bernardi, em O Termómetro de Galileu, de Teresa Villaverde. Nas sessões especiais, Quantas Vezes Tem Sonhado Comigo?, de Júlia Buisel, O Passageiro, de Luís Alves de Matos, a par de O Homem Pikante, de Edgar Pêra, ou A Pedra Não Espera, de Graça Castanheira.