SG Gigante serve para assinalar um marco de carreira bastante especial: há 50 anos, Sérgio Godinho afirmava-se “Sobrevivente”, inaugurando com o álbum que abre com “Que Força É Essa” uma discografia que é uma das mais celebradas da música portuguesa, uma obra preenchida de canções que conquistaram diferentes gerações graças a palavras que nos retratam a todos, que nos ajudam a definir a identidade e que são afinal de contas tão fáceis de cantar. Essas canções inspiraram todos estes artistas – reunidos por Capicua – a encontrarem nos temas de Sérgio Godinho marcas de uma modernidade singular. O resultado traduz-se em 6 canções que fincam os pés no presente, mas que são inspiradas pelas memoráveis palavras e melodias com que Sérgio se fez gigante da nossa música.
Em Outubro de 1974, Sérgio Godinho lançou o seu terceiro álbum, À Queima Roupa, um trabalho que foi começado em Vancouver, no Canadá, mas que o 25 de Abril permitiu que fosse já terminado na cidade de Lisboa. Este álbum, que trazia canções como “Liberdade”, “Independência” ou “O Grande Capital”, era o produto de um tempo em que se acreditava que a música também era ferramenta de mudança. E trazia este “Etelvina” retrato de uma mulher “que dormia à beira rio, à noite, à noite”. Uma mulher daquele tempo ou deste. Uma mulher que continua a existir e que merece agora um novo filme, “rodado” neste presente em que as palavras de Sérgio continuam a ter eco.
Phoenix RDC e Jimmy P são dois dos mais aplaudidos rappers da actualidade. O primeiro tem erguido uma carreira de sucesso a partir de Vialonga, às portas de Lisboa, oferecendo uma perspectiva de vida sempre próxima da realidade das ruas. Jimmy, por outro lado, tem sido caso sério de sucesso em cada passo que dá a partir do Porto, amado por uma fiel legião de fãs que transforma cada novo tema em caso sério de “plays” e visualizações. E no meio deles está Sara Correia, uma voz de Lisboa que chega do fado e que se impõe com uma força tremenda neste tema, carregando drama na voz que chega a comover, neste “filme” que teve direcção de Stereossauro, produtor que como nenhum outro tem sabido erguer pontes entre o hip hop e o fado.
Esta reimaginação de “Etelvina” continua então o caminho para SG GIGANTE, trabalho de homenagem ao génio poético e musical do “escritor de canções” que foi coordenado por Capicua, artista que sempre confessou admiração por Sérgio Godinho e a quem o próprio mestre nunca regateou elogios. “Etelvina” sucede a “Que Força É Essa”, primeiro single com produção de Keso em que também brilham Nerve e Russa, e “Primeiro Dia”, canção que foi revista por Valas, Papillon e Amaura e que contou com produção de Charlie Beats.
Até ao próximo dia 22 de abril, à razão (ao amor?...) de um por semana, serão revelados mais três novos singles em que se cruzam alguns dos maiores e mais aclamados nomes da cena hip hop e não só em sentidas recriações de uma série de indiscutíveis clássicos da obra do gigante Sérgio.