quinta-feira, 7 de abril de 2022

O regresso à paixão pelas Letras, à História e à Antiguidade Clássica



«E esta noite posso dizer, mais uma vez, que estive prestes a morrer. Ouvi o meu barco ranger. O céu esmagava-nos sobre o mar, o mar lançava-nos para o céu. Depois achei que o mar e o céu se partiam aos bocados e se confundiam. Achei que caíamos pelas fendas dos relâmpagos ou pelos precipícios das ondas.»

As primeiras palavras que o leitor ouve em O Silvo do Arqueiro são de Eneias, o herói errante e derrotado que está em fuga do saque de Tróia com o seu filho, antes de naufragar nas praias de Cartago, na costa africana. Marcado por uma misteriosa profecia como fundador da vindoura civilização romana, Eneias tem o seu destino nas mãos da rainha Elisa.

Nesta obra moderna de literatura, Irene Vallejo revisita as obras da antiguidade clássica, num jogo único entre história e lenda que capta o reflexo dos conflitos contemporâneos e a semente de temas que nunca deixarão de fascinar: a sombra do poder sobre a liberdade individual; o dilema de um homem que, quando o vê o seu mundo desmoronar-se, fica dividido entre a reconstrução das ruínas ou o risco de criação de algo novo; as dificuldades de uma mulher poderosa num universo de homens; e o desejo de ser mãe antes de o seu tempo passar. Violência, misericórdia, destino ou sorte.

Romance de aventuras, de guerras, de exílio e de amor, O Silvo do Arqueiro dança na linha entre a lenda e a História. Entre antiguidade grega e romana, a narrativa de Eneias e Elisa desenrola-se a par da de Vergílio que, séculos mais tarde, escreve a obra que lhe dará a imortalidade, a Eneida.

A partir de hoje nas livrarias nacionais.

Sobre a Autora

Irene Vallejo (Saragoça, 1979) é apaixonada pelas lendas gregas e romanas desde a infância. Estudou Filologia Clássica e doutorou-se nas Universidades de Saragoça e Florença. Empenhada em dar a conhecer os autores clássicos ao grande público, a autora dá palestras e visita escolas, universidades e bibliotecas, divulgando a importância e a atualidade do legado do mundo antigo. Colabora com meios de comunicação, como o jornal El País, em Espanha, e Milenio, no México, e é, sobretudo, autora de uma já ampla obra que inclui títulos de ficção, coletâneas dos seus artigos jornalísticos e livros ilustrados. Alcançou o reconhecimento internacional com o seu livro O Infinito num Junco (Bertrand Editora, 2020), título que lhe valeu o Prémio Nacional de Literatura 2020 (Espanha) na categoria de ensaio. Venceu ainda o Prémio El Ojo Crítico de Narrativa, o Prémio Acción Cívica 2020, o Prémio Las Librerías Recomiendan 2020 e o Prémio Aragón 2021, entre outros. Além da sua atividade como escritora, trabalha ainda em projetos sociais como o «Believe in Art», levando a arte e a literatura a hospitais infantis.