A Casa das Letras edita “Música, Só Música”, um conjunto de seis conversas entre o escritor japonês Haruki Murakmi e o maestro Seiji Ozawa, antigo diretor da Orquestra Sinfónica de Boston, onde partilham com os leitores os seus gostos, opiniões e, sobretudo, o desejo de saber tudo sobre a arte da música.
“Tenho muitos amigos que gostam de música, mas nenhum ama a música como Haruki Murakami. Quer se trate de jazz ou de música clássica, ele não se limita a gostar de música: conhece-a profundamente. Sabe os mais ínfimos detalhes: pormenores do arco-da-velha, histórias antigas de músicos, anedotas… É impressionante. Assiste regularmente aos concertos de música clássica e de jazz, e em casa passa a vida a ouvir discos. Sabe coisas que nunca me passariam pela cabeça. Graças a ele, veio-me à lembrança um sem-fim de recordações e, como se fosse pouco, fui capaz de falar com sinceridade e de deitar cá para fora uma série de coisas”, escreve Seiji Ozawa (1935), um dos mais importantes maestros dos nossos tempos, no posfácio.
Ao longo de dois anos conversou com Murakami sobre peças de Brahms e Beethoven, Bartók e Mahler, sobre diretores de orquestra como Leonard Bernstein e solistas fora de série como Glenn Gould, sobre peças de música de câmara e sobre ópera. Enquanto os dois ouvem discos e comentam diferentes interpretações, os leitores assistem a sumarentas curiosidades e confidências que, por certo, os contagiarão e despertarão neles o entusiasmo e o prazer infindável de desfrutar da música com novos ouvidos.
“Música, Só Música” tem prefácio e revisão técnica do maestro Martim Sousa Tavares, que considera que “um par de características sobressai de forma nítida ao longo destas conversas: Murakami tem o dom da palavra. Ozawa tem o dom da musicalidade. Tenho até a sensação de que Murakami faz perguntas para as quais já sabe a resposta, chegando mesmo a sugerir ou a formulá-las melhor do que Ozawa, mas, ainda assim, lança essas perguntas com o ânimo e a curiosidade de alguém que quer ouvir contada, mas desta vez melhor que nunca, uma velha história que conhece de toda a vida. Por outro lado, é inevitável o leitor questionar-se o que seria de Murakami caso tivesse enveredado pela música, e não pela literatura. Se tivesse decidido seguir música, teríamos um excelente músico com uma surpreendente aptidão para o comentário ou a interpretação literária. Pelo contrário, o que temos é o génio literário que ouve como um músico.”
A paixão de Haruki Murakami pela música, levou-o a ser dono de um clube de jazz em Tóquio, o famoso Peter Cat, como a impregnar de referências e vivências musicais a maioria dos seus romances e contos. Autor de culto, lido por todas as gerações e procurado com especial curiosidade pelos jovens leitores, encontrando-se traduzido em mais de 50 línguas. Sendo um dos escritores japoneses contemporâneos mais divulgado em todo o mundo, é simultaneamente aplaudido pela crítica, que o considera um dos “grandes romancistas vivos” (The Guardian). A Casa das Letras editou toda a obra de Murakami que recebeu vários honoris causa pelas universidades do Havai, Liège e Princeton em reconhecimento da sua obra, recompensada através da atribuição de importantes galardões internacionais, com destaque para os prémios Franz Kafka, Jerusalém e Hans Christian Andersen.