segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Terceiro livro de Valentim Alexandre analisa os desafios do Governo na última fase do colonialismo português



«Como um só dia pode poupar sacrifícios e vidas, é necessário não desperdiçar desse dia uma só hora, para que Portugal faça todo o esforço que lhe é exigido a fim de defender Angola e com ela a integridade da Nação.» Discurso de Oliveira Salazar ao país, 13 de abril de 1961

Depois de Contra o Vento, em que analisava a evolução do império, após a Segunda Guerra Mundial até 1960, e de Os Desastres da Guerra – Portugal e as Revoltas em Angola (1961: Janeiro a Abril), onde se debruçava sobre as três principais convulsões que no início de 1961 colocariam em causa a soberania nacional, o investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Valentim Alexandre regressa ao estudo da última fase do colonialismo português com uma nova e minuciosa investigação.

No Fio da Navalha – Portugal e a Defesa do Império (1961: Abril a Novembro), que a Temas e Debates faz chegar às livrarias a 7 de setembro, percorre o período que se seguiu ao fracasso do golpe de Estado conhecido como Abrilada e a resposta do poder colonial português aos desafios impostos quer pelas alterações do quadro internacional – onde a vaga de descolonização atingira o seu auge –, quer pelas condições internas de cada uma das colónias – com particular relevância para o caso de Angola, cuja crise questionava todo o sistema colonial português.

A 13 de abril de 1961, vencido o golpe de Estado protagonizado por Botelho Moniz e Almeida Fernandes, e reconhecida a urgência de uma resposta do Governo às várias ameaças ao império português – que incluíam a insurreição no norte de Angola e a pressão internacional para a deslegitimação do colonialismo por força das resoluções da ONU –, o Presidente do Conselho Oliveira Salazar assumiu a pasta da Defesa Nacional e deu início a uma remodelação governamental, o que resultou na mobilização do contingente geral do Exército para combater a insurreição em Angola, além de um pacote de medidas que este livro analisa com rigor.

Desde a tentativa de restauração do poder colonial no norte angolano à política de informação, passando pelas reformas conduzidas por Adriano Moreira e pelas relações do país com o exterior, No Fio da Navalha – Portugal e a Defesa do Império (1961: Abril a Novembro) investiga as ameaças e respostas do regime para salvar um império em estado frágil, num documento fundamental para a historiografia portuguesa do século XX.

Sobre o Autor

Valentim Alexandre é investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem publicado trabalhos nas áreas da história colonial e das relações externas portuguesas (séculos XIX e XX), nomeadamente os livros Os Sentidos do Império – Questão Nacional e Questão Colonial na Crise do Antigo Regime Português (Porto, Afrontamento, 1993); O Império Africano, 1825 – 1890 (coordenador, com Jill Dias), (Lisboa, Editorial Estampa, 1998); Velho Brasil, Novas Áfricas – Portugal e o Império,1808 – 1975 (Porto, Afrontamento, 2000); O Roubo das Almas – Salazar, a Igreja e os Totalitarismos,1930 – 1939 (Lisboa, Dom Quixote, 2006); e A Questão Colonial no Parlamento, 1821 – 1910 (Lisboa, Assembleia da República e Dom Quixote, 2008). Colaborou também extensamente no volume IV da História da Expansão Portuguesa, dirigida por Francisco Bettencourt e Kirti Chauduri (Lisboa, Círculo de Leitores, 1998). Na Temas e Debates publicou Contra o Vento – Portugal, o Império e a Maré Anticolonial (1945 – 1960) em 2017 e Os Desastres da Guerra – Portugal e as Revoltas em Angola (1961: Janeiro a Abril) em 2021.