Com voz apaixonada e urgente, Édouard Louis relata o retorno à sua cidade natal e à casa paterna, um local «feio e cinzento» numa das regiões mais pobres de França. É um regresso a uma infância dolorosa, assombrada pela presença de um pai expressão da virilidade mantida pela violência, e pela vergonha de um filho diferente, grácil, efeminado e inteligente; mas, ao mesmo tempo, também a tentativa de uma reconciliação com esse passado e com essa figura paterna, agora fisicamente diminuída, frágil e desamparada, exposta.
Relato comovente do reencontro possível entre pai e filho, a fazer lembrar a Carta ao Pai de Kafka, Quem Matou o Meu Pai é, simultaneamente, o gesto que procura o perdão e o grito de denúncia de um fosso social que devora a França há décadas, com o dedo apontado aos protagonistas desse poder político, dessa casta privilegiada, verdadeira responsável por condenar a uma morte precoce as classes mais baixas de uma sociedade cada vez mais dividida.
Primeiros capítulos disponíveis para leitura aqui.