Num mundo em mudança, onde a oferta de trabalho supera a procura, como fazer face à escassez de talento? O Grupo Adecco reuniu os seus dados e reforçou-os com os do LinkedIn para confirmar um facto: a transformação de competências e novos perfis de trabalho mais verdes são urgentes. O novo paradigma pós-pandemia requer novos papéis, competências, formação e requalificação.
Uma economia com maior preocupação ambiental e um movimento em direção a um futuro mais sustentável, afetará a procura de novas competências no mercado de trabalho. E a transição para um mundo ambientalmente mais responsável não será possível sem as competências certas.
O estudo do Grupo Adecco revela que sem desenvolvimento de competências a economia global pode perder cerca de 71 milhões de postos de trabalho até tornar-se circular.
As alterações climáticas são uma emergência. A falta de alimentos, água e biodiversidade, assim como a migração forçada, terá efeitos devastadores no nosso mundo se não mudarmos as nossas práticas. Identificar e desenvolver as competências “verdes” é essencial para uma transição para uma economia de baixo carbono e para capitalizar todas as vantagens que tem para oferecer a nível social, ambiental e económico.
Novos parâmetros ambientais e regulações levarão a mudanças nos produtos e serviços, assim como nos postos de trabalho e competências disponíveis. E se quisermos real mudança, temos de transformar essas competências e esses postos de trabalho.
“Mais do que postos de trabalho – temos de fazer zoom às competências que potenciam esses postos de trabalho”, defende o CEO do LinkedIn, Ryan Rolansky.
Atualmente, os empregos “verdes” atualmente mais procurados são especialistas ambientais, engenheiros civis, florestais, técnicos ambientais, técnicos de instalação fotovoltaicos. Mas o espectro alarga-se, e outros setores habitualmente não associados ao ambiente estão também a mudar para práticas e modelos de baixo carbono, à medida que a emergência das alterações climáticas cresce.
Muitas práticas de produção e de consumo são ambientalmente insustentáveis. Postos de trabalho que causam, de forma direta ou indireta, a degradação e o esgotamento dos recursos terrestres têm de mudar para boas práticas zero carbono, e novos postos de trabalho têm de ser criados de forma a proteger o nosso planeta. Criar uma economia mais verde e baseada em postos de trabalho mais verdes é urgente e necessário. Mas estaremos perto de atingir este objetivo?
Adaptar as novas competências a postos de trabalho que não eram habitualmente associados ao ambiente é crucial. Ao longo dos últimos cinco anos houve um impulso da procura por novas competências relacionadas com o ambiente, registando-se os maiores crescimentos ao nível de gestão de ecossistemas, política ambiental e prevenção da poluição.
A disrupção provocada pela pandemia levou várias empresas a acelerar a transição digital e vários governos e entidades anunciaram apoios financeiros para o “recomeço verde”. A ferramenta Skill Predict, da Adecco, prevê que a criação de postos de trabalho verdes (PTV) recupere mais rapidamente do que a criação de empregos em geral, a um ritmo de mais 77% em Espanha, líder na aceleração da criação de PTV [em comparação com a Alemanha (-9%), França (5%), Itália (19%), Países Baixos (23%) e Reino Unido (10%)].
A pandemia veio mudar a forma como trabalhamos e onde trabalhamos, e trouxe nova emergência à crise climática, até porque parte da raiz que causa as alterações ao clima também aumenta a tendência para pandemias. As lições que aprendemos e as novas formas de pensar são claras: estamos a priorizar a transição verde.
De regresso ao novo normal, assiste-se assim a uma maior procura por empregos amigos do ambiente. E é importante que todos os setores se foquem nas boas práticas amigas do ambiente, saudáveis e associadas ao bem-estar. Também é importante assegurar que este caminho é feito sem excluir ninguém, sem deixar para trás quem depende de empregos menos verdes. Formar e requalificar deve ser prioritário.
A mudança já começou
Milhões de trabalhadores deixaram os seus postos de trabalho depois de um período inédito de disrupção. Os trabalhadores deixam os seus empregos em busca de outros que permitam maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Da chamada ‘Grande Resignação', o fenómeno da era pandémica (2021) que levou milhões de americanos a desistirem dos seus empregos voluntariamente, passamos para a “Grande Redistribuição”, em que os trabalhadores procuram trabalhos mais gratificantes.
Mas nesta Grande Redistribuição, e de forma a responder aos desafios da transição verde, o que já aprendemos?
O que é um emprego “verde”?
A transição verde é uma exigência global. Mas o que faz exatamente um emprego ambientalmente responsável? Significará trabalhar diretamente no setor ambiental? Ou simplesmente não trabalhar para organizações que afetam de forma negativa o planeta?
O Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (Cedefop) define as competências “verdes” como “o conhecimento, competências, valores e atitudes necessárias para viver, desenvolver e apoiar uma sociedade sustentável e eficiente em termos de recursos”.
Desde que foi publicada em 2010, a definição base frequentemente utilizada em relatórios que estudam a economia verde é a do Bureau of Labour Statistics define que os empregos verdes são: a) Empregos em áreas de negócio que produzem bens ou fornecem serviços que aportam vantagens para o ambiente ou que contribuem para a conservação dos recursos naturais; ou trabalhos em que um dos deveres do trabalhador passa por tornar o processo de produção mais amigo do ambiente ou por usar menos recursos.