O fotógrafo José Pedro Cortes inaugura no próximo dia 27 de Junho, às 19h, no MNAC (Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado) a exposição Um Realismo Necessário, com curadoria de Nuno Crespo.
Depois da exposição individual no passado mês de Janeiro na Galeria Francisco Fino, José Pedro Cortes apresenta um novo conjunto de fotografias, feitas entre 2005 e 2018, que revelam o seu interesse na representação do corpo humano.
Conjuntamente com a exposição é também lançado o livro A Necessary Realism (ed. MNAC / Pierre von Kleist editions, 19x26.5 cm, 240 pag.), com 148 imagens, uma conversa entre José Pedro Cortes e Nuno Crespo e textos de Emília Ferreira (Diretora do MNAC), Shoair Mavlian (Directora de Photoworks UK), David Santos (curador e historiador de Arte), Julião Sarmento (artista plástico) e Nuno Crespo (investigador e crítico de arte). Inclui ainda um poema inédito intitulado Música para as fotografias de José Pedro Cortes por José Tolentino de Mendonça (poeta e teólogo).
Fazer retratos e olhar para o outro sempre foi prática constante no trabalho de José Pedro Cortes, que usa a fotografia como uma meio relacional com o seu tempo Como criador de imagens, aceita a complexidade deste tempo, a sua fabricação e os seus impulsos, a sua vulnerabilidade e beleza, que não permite leituras dogmáticas. Em contraste com o realismo neoliberal, as suas imagens afirmam a necessidade de não nos deixarmos subordinar à visão pragmática da vida, porque a realidade não é mecânica, linear ou numérica, mas um desafio que diariamente exige atenção e reflexão.
Nesta exposição, percorremos homens e mulheres que nos olham, outros que sensualmente se acariciam na cama ou observamos um grupo de amigos que languidamente descansa num relvado, numa tarde de verão.
Não há geografias ou tempos, e, enquanto espectadores das fotografias de José Pedro Cortes, somos voluntariamente convidados a fazer movimentos rápidos, lentos, intensos, que vão do interior para o exterior, percorrem os centros e as margens e que tentam encontrar a vida, mas também o esqueleto e a ruína que o tempo deixa na sua passagem.
Ao longo dos últimos anos, descobrimos nas fotografias de Cortes um forte interesse na relação entre a paisagem e corpo humano, como forma de olhar para a presença do Homem num mundo contemporâneo em constante mutação. Os seus trabalhos em Tel Aviv (Things Here and Things Still to Come, 2011), na Costa da Caparica (Costa, 2013) e em Toyama, Japão (One’s Own Arena, 2015), ou mesmo já este ano na exposição Planta Espelho na Galeria Francisco Fino mostraram a forma como a sua fotografia é, como o próprio autor refere, um meio relacional com o seu tempo.