«Quando deparei com seis
sermões de autos da fé de D. Afonso de Castelo Branco,
em caixa de documentos sem paginar, conservados no
Arquivo Secreto Vaticano e verifiquei o seu caráter
inédito, ao primeiro entusiasmo sucedeu a questão do
relativo e talvez repulsivo interesse pelo conteúdo.
Valeria a pena tanto trabalho de leitura e transcrição de
textos plenos de retórica crivada de citações, com
argumentações descabidas, senão ridículas aos nossos
olhos, escritos tão distantes da sensibilidade
contemporânea?» Carlos Azevedo.
Carlos A. Moreira Azevedo descobriu seis sermões de
autos da fé do bispo de Coimbra Afonso de Castelo
Branco (1522-1615), em caixa de documentos sem
paginar, no Arquivo Secreto Vaticano. Verificando o seu
caráter inédito, estudou e dá agora a conhecer estes
escritos raros no século XVI, produzidos por uma figura
culturalmente relevante, que parece ter sido o único
pregador nos 230 anos da Inquisição a exercer esta
missão por seis vezes seguidas, na sua diocese. Com os
seus sermões perante os sentenciados, este servidor fiel
da monarquia filipina e da autoridade romana marcou a
luta do Portugal quinhentista contra o criptojudaísmo e
as heresias.
O título recorre à expressão de Afonso de Castelo Branco para classificar os judeus: “prelados e ministros do
diabo”, mas atribui-o devolvido aos pregadores destes rituais. Ser “ministro do diabo” é recorrer ao discurso, ainda
que erudito, para justificar injustiças e estimular ódios, em vez de argumentar na defesa dos mais frágeis e pobres e
de apelar autenticamente à misericórdia e ao perdão, à convivência de diferentes visões de Deus e do mundo.
Já disponível nas livrarias, «Ministros do Diabo» é uma obra imperdível que dá a conhecer os métodos e práticas do
Tribunal do Santo Ofício e como este afetou o curso da história dos Portugueses.