Isso mesmo, vai com 35 anos que a Galeria de Arte do Casino Estoril, sempre em Agosto, enche as suas paredes brancas de pinturas ditas naïfs, quadros que contam estórias, cujas características principais são a ingenuidade, um forte colorido de cores primárias e, por vezes, uma grande carga de humor.
A primeira edição desta colectiva, em 1980, resultou de uma sugestão da jornalista Manuela de Azevedo, que encantada com uns belíssimos trabalhos de Rosa Passos, ali patente, propôs ao director da Galeria, que sendo o Estoril um lugar de visita e encontro de pessoas dos cinco continentes, apreciariam, pela sua forte policromia e encanto uma exposição naïf.
A edição deste ano aí está, com inegável qualidade e a participação de 30 autores com 70 trabalhos. Na mostra deste ano é homenageado Antonio Poteiro, um luso-brasileiro, nascido em 1925, em Barcelos, na freguesia de Santa Cristina de Pousa, aldeia vizinha da terra de Rosa Ramalho, que, como esta artesã de referencia, começou, já no Brasil para onde, entretanto, rumou com a sua família, a cirandar pelas feiras e festas, inicialmente só mostrando trabalhos em barro e, anos mais tarde, dedicando-se igualmente à Pintura, depressa se transformando numa referencia no mundo das Artes brasileiras. Faleceu em 2010, em Goiás, Brasil, ficando a sua obra perpetuada com uma fundação que tem o seu nome. Antonio Poteiro participou na primeira edição do Salão de Pintura Naïf, tendo, neste espaço, realizado em 1987, uma exposição individual, cujo texto de apresentação do catálogo foi da autoria de Júlio Pomar, que classificou a Arte Naïf de Poteiro como uma arte concebida sem pecado.
Esta exposição ficará patente ao público até 15 de Setembro, todos os dias, entre as 15 e as 24 horas.