A República Possível (1910-1926) é um estudo enriquecedor que procura explicar um período complexo da história do país à luz de uma metodologia sociológico-histórica da autoria de Fernando Pereira Marques, um autor com ampla reflexão e actividade enquanto investigador no domínio da História recente.
A situação em Portugal entre 1910 e 1926 não foi muito diferente da generalidade de situações coetâneas noutras sociedades europeias, do ponto de vista da radicalização da conflitualidade social e da instabilidade política. É, pois, redutor atribuir a queda da I República a «erros», a «faltas», a «desvios» – segundo as versões benignas de tipo historicista –, ou à perversidade «jacobina», «anticlerical», ou até «autoritária» dos políticos republicanos, segundo as versões de outros historiadores.
Em termos mais simples, não foi a balbúrdia de que falam alguns textos referindo-se a esse período, o caos ou a catástrofe que a propaganda salazarista descrevia ou que ainda vários sustentam, nem foi uma «Cousa Santa» traída por militares e por um ditador perverso.
Foi a «República possível» no contexto da sociedade portuguesa com as suas características e problemáticas específicas, um processo complexo mas modernizador que a ditadura militar e o salazarismo travaram eficazmente.
Sobre o Autor
Fernando Pereira Marques nasceu em 1948. É Diplomado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris e Doutor de Estado em Sociologia pela Universidade de Amiens (França). Foi Professor Catedrático convidado na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa), onde dirigiu o 2.º Ciclo de Ciência Política, e é investigador integrado no Instituto de História Contemporânea da UNL.
Entre outros cargos, foi deputado à Assembleia da República, dirigente nacional do Partido Socialista, presidente da Subcomissão Parlamentar de Cultura e membro da delegação portuguesa na União da Europa Ocidental (UEO) e na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. É autor de várias obras nas áreas do ensaísmo e da investigação, colaborador em publicações periódicas e director-adjunto da revista Finisterra.