Inaugura esta quinta-feira, dia 22 de Outubro, às 19h, a exposição "Ghosts" no Hangar, Centro de Investigação Artística.
Com curadoria do britânico Paul Goodwin, "Ghosts" explora a instável relação entre arte e tecnologia no contexto de uma era caracterizada pelo aumento da migração e das comunidades urbanas da diáspora global, apresentando trabalhos dos artistas Alia Syed, Chila Kumari Burman, Keith Piper, John Akomfrah, Leo Asemota, The Otolith Group, Lawrence Abu Hamden, Larry Achiampong & David Blandy e Roshini Kempadoo. Segundo Paul Goodwin "as obras nesta exposição abrem e ampliam áreas de fértil debate sobre arte e reprodução tecnológica, inicialmente abordadas por Walter Benjamin no seu famoso ensaio “A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica" (1936)."
A inauguração do dia 22 de Outubro de "Ghosts" é acompanhada por uma visita guiada pelo curador e no dia seguinte decorrerá uma conversa com as artistas britânicas Alia Syed e Chila Kumari Burman. Já nos dias 24 e 31 de Outubro Susana Anágua e Ana de Almeida são responsáveis por um workshop criativo sobre a exposição.
O curador Paul Goodwin estará em Lisboa entre 19 e 23 de Outubro e as artistas Alia Syed a Chila Kumari Burman estarão em Lisboa entre 20 e 25 de Outubro.
"Ghosts" estará patente no Hangar até ao dia 27 de Novembro.
TEXTO DO CURADOR PAUL GOODWIN
A exposição GHOSTS explora a instável relação entre arte, tecnologia e subjectividade, numa era caracterizada por uma crescente migração e de comunidades globais da diáspora. De que formas a mútua interacção entre a arte e a tecnologia contribui para a transformação destas práticas? Como estão os artistas a usar as tecnologias de reprodução na investigação de questões de identidade e na re-adaptação da subjectividade nesta era de crise económica, de globalização das tecno-culturas e da crescente intolerância face às diferenças culturais?
As obras nesta exposição abrem e ampliam áreas de fértil debate sobre arte e reprodução tecnológica, inicialmente abordadas por Walter Benjamin no seu famoso ensaio “A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936). Num intervalo temporal que vai desde as primeiras obras digitais do início da década de 1990 até trabalhos produzidos recentemente, as obras nesta exposição exploram um leque diversificado de temas que investigam a relação entre arte, tecnologia e subjectividade: Leo Asemota presta homenagem ao ensaio de Walter Benjamin “A Obra de Arte” e explora o uso da rádio por Benjamin como um medium artístico; os Auto-Retratos de Chila Kumari Burman, realizados nos anos oitenta até início da década de noventa, jogam com as tecnologias da auto-representação antecipando a actual obsessão pelas selfies; o filme poético de Alia Syed explora as tecnologias disciplinares do colonialismo; a obra de Keith Piper explora a estética e a política dos robots e da raça; o filme-ensaio de John Akomfrah é uma obra pioneira do Afrofuturismo; o vídeo do Otolith Group articula representações digitais da crise global; o uso de software digital de reconhecimento de voz pelas forças policiais no controlo migratório é examinado por Lawrence Abu Hamdan; os fantasmas do arquivo colonial das Caraíbas ressoam na instalação digital de Roshini Kempadoo e a senda em “busca” de Frantz Fanon, de Larry Achiampong e David Blandy é uma reflexão digital e virtual sobre os modos como crítica psicopatológica revolucionária da Martinica ao colinialismo continua a assombrar o nosso presente pós-colonial.
A exposição não pretende estabelecer quaisquer respostas definitivas às questões levantadas sobre arte e tecnologia. Contudo, abre espaços de diálogo e caminhos para a investigação no âmbito do debate em curso sobre o futuro da carregada relação entre a arte e os avanços tecnológicos, numa época que assiste a múltiplas crises globais. De alguma forma, parafraseando a descrição de Benjamin das suas próprias influentes teorias da obra de arte na era da sua reprodução mecânica, as obras nesta exposição podem ser consideradas como “…quite useless for the purposes of Fascism. They can, on the other hand, be used to formulate revolutionary demands in the politics of art.” (Walter Benjamin, The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction, Penguin Books, 2008, first published 1936). Paul Goodwin