O Goethe-Institut Portugal apresenta, em coprodução com a Culturgest, o ciclo Alexander Kluge, Cineasta da Alemanha, Cronista da História, comissariado por Augusto M. Seabra.
Alexander Kluge (nascido em 1932) é um dos mais importantes cineastas contemporâneos, e não só: indissociavelmente, na sua prolífera e proteiforme atividade, Kluge é um reconhecido ficcionista – de resto galardoado com os mais importantes prémios literários alemães –, um ensaísta e teórico fundamental, uma figura ímpar de intelectual público, sobretudo na constante reflexão sobre a História e o presente e, antes do mais, da própria História da Alemanha.
Com formação em direito, Kluge travou conhecimento com Theodor Adorno, que o apresentou a Fritz Lang, na altura do regresso deste à Alemanha, para realizar O Túmulo Índio. O contacto com Adorno, a influência de Walter Benjamin e depois o diálogo ensaístico com Jürgen Habermas em torno do conceito de "esfera pública", inscrevem Kluge na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, podendo em paralelo dizer-se que o seu é um "cinema crítico", de pendor crescentemente ensaístico, com uma particular teoria e prática da montagem, do fragmento, da colagem e do intervalo, que viria a ser paradigmaticamente afirmada em A Força dos Sentimentos, filme que combina 26 narrativas ou capítulos.
O título desse filme é uma alusão a A Força do Destino de Verdi, o género da ópera surgindo como modelo de uma estruturação compósita do cinema de Kluge, em que é fulcral uma noção de "sentimentos", entendida também como possibilidade de construção de uma subjectividade activa do espectador, em diálogo crítico com o pendor ensaístico da narrativa.
Nos últimos anos Kluge vem-se dedicando a uma prática singular de trabalho audiovisual, em que se destaca o monumental Notícias da Antiguidade Ideológica: Marx, Eisenstein, 'O Capital', que nos é particularmente grato apresentar.”