terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Taïs Reganelli faz releitura de canção icónica de Chico Buarque



A cantora suíço-brasileira Taïs Reganelli lança o videoclip da canção “Tanto Mar”, do compositor Chico Buarque. A escolha da canção é uma forma de aproximar ainda mais Portugal e Brasil, com histórias parecidas de luta e resistência durante os períodos em que foram submetidos a regimes ditatoriais. O concerto de lançamento deste single está marcado para dia 14 de dezembro, às 21h, no AveNew, em Lisboa.

Taïs lança “Tanto Mar” após a bem sucedida estreia do single Vem (Além de Toda Solidão), dos Madredeus.


Versão une rock com elementos vocais sutis
“Para regravar uma canção que já ficou marcada na sua versão original, é necessário descontrui-la”, para tanto, realizou-se um contraponto certeiro entre guitarras distorcidas e a voz suave de Taïs Reganelli, que lhe é peculiar.  A produção musical é assinada por Pablo Lapidusas.

O Videoclip
Realizado por Juliana Frug, o videoclip apropria-se de uma profusão de cravos para celebrar um dos principais acontecimentos de Portugal, ocorrido em 25 de abril de 1974. “A ideia foi produzir um clipe conceitual, apenas com cravos e água (simbolizando o mar que separa os Continentes), interpretando assim toda a letra”, afirma Taïs.

Foram produzidas 3.000 fotografias que, sequencialmente, tornaram-se um vídeo em stop-motion, além de imagens da própria Taïs. “A cartela de cores foi pensada de acordo com as cores das bandeiras do Brasil e de Portugal com algumas pequenas variações de tons”, finaliza a realizadora.


Ditadura e lembranças da família no exílio
Os motivos para escolher esta canção de Chico Buarque, que fala justamente sobre a revolução portuguesa, tem a ver com política, mas também um lado pessoal da sua família. O tema ditadura não é algo que se esquece dentro do seio familiar da cantora. O pai, o jornalista Wilson Roberto Reganelli, era colega de trabalho de Vladimir Herzog, que virou símbolo da luta pela liberdade no Brasil, por morrer no cárcere na época da ditadura, nos anos 1970, assassinado pelo regime militar, que tratou a morte como suicídio. “Por conta da situação difícil no Brasil, meu pai foi forçado a se autoexilar, levando a família para viver em Berna, na Suíça”, relembra Taïs. 

E há também um facto curioso “Minha mãe nasceu no dia 25 de abril e meu pai sempre se lembrava da Revolução dos Cravos, mas nunca se lembrava de seu aniversário”, conta a cantora.