A produção cinematográfica indígena no Brasil tem contribuído de um modo decisivo para a emergência de novos instrumentos de conhecimento indígena e intervenção no mundo. Em Portugal, esta mostra de cinema emergiu do interesse de um grupo de pesquisadores/as, programadores/as culturais e ativistas em aprofundar o contributo do pensamento e cinema ameríndios, especificamente dos povos indígenas que vivem no Brasil, para a sociedade contemporânea.
É neste sentido que a Apordoc, em conjunto com os centros de investigação CHAM, CRIA, ICS, IHA, e o Museu Calouste Gulbenkian, apresenta a Mostra Ameríndia: Percursos do Cinema Indígena no Brasil.
Pensado de forma colaborativa com projetos envolvidos na produção e difusão desta cinematografia no Brasil, como a Mostra Aldeia SP, o programa integra uma multiplicidade de experiências que nos retiram dos lugares convencionais de olhar e entender o cinema.
A Mostra apresenta uma seleção de filmes em que os coletivos indígenas actuam em diferentes níveis. Por vezes, são cineastas no sentido ocidental e direcionam a câmara para o quotidiano da sua aldeia, rituais ou a sociedade colonial. Outras vezes colaboram com não-indígenas na produção de obras. As propostas, selecionadas de diferentes momentos históricos e produzidas por diferentes povos indígenas em diversos contextos de produção, dão forma a uma real multiplicidade nas suas escolhas formais e temáticas.
A presença inédita de quatro cineastas indígenas, Zezinho Yube, Maria Dalva Manduca Mateus Kaxinawá (Ayani), Patrícia Ferreira, Alberto Álvares, assim como a vinda do curador e ativista Ailton Krenak e da artista plástica e ativista Daiara Tukano, oferecem ao programa uma singularidade na comunicação com o público.
A Mostra terá ainda um ciclo de debates e uma publicação que funciona como instrumento de difusão do conhecimento sobre os povos ameríndios, o seu cinema, cosmovisões e lutas na atualidade.
A sessão de abertura será no dia 13 de Março, com o filme Já Me Transformei em Imagem de Zezinho Yube.