segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O problema dos sonhos é que nós acabamos sempre por acordar


No ano dos seus setenta anos, Patti Smith deixa-se levar por devaneios e sonhos, que transcreve, num registo itinerante, entre concertos e noites de sono leve em quartos de hotel. Resulta dessas deambulações O Ano do Macaco, o seu terceiro livro de memórias, que reflete já o início de uma nova era.

Traduzido por Helder Moura Pereira – um dos nossos grandes poetas –, O Ano do Macaco inclui, como vem sendo habitual, fotografias da autora que ilustram o texto. «Sinto-me compelida a escrever com fervor e esperança, entrelaçando realidade, ficção e sonho», diz. «O problema dos sonhos é que nós acabamos sempre por acordar.» Há espaço para poesia, cafés, viagens à boleia, Roberto Bolaño e uma visita à Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, «a cidade das noites calcetadas», «a cidade ideal para nos deixarmos levar pelo tempo».

Em pano de fundo, o mundo da política agita-se numa eleição tóxica. Em primeiro plano, o desaparecimento de dois grandes amigos: Sam Shepard e Sandy Pearlman. Em epílogo, a chegada da pandemia. Na altura em que os italianos se fechavam em casa, a autora fecha o diário e junta-se à banda no Fillmore, em São Francisco. «Subimos ao palco na esperança de que o entusiasmo que vamos pôr na nossa atuação possa dar às pessoas alguma alegria». De novo, como no início, sempre presente o elo da literatura e do rock’n’roll.

O Ano do Macaco chega às livrarias a 7 de Agosto.

Sobre a Autora

Patti Smith é escritora e artista musical e visual. Começou a ser reconhecida durante os anos 1970, pela fusão revolucionária de rock’n’roll e poesia do seu trabalho. O disco seminal, intitulado Horses, mostrando na capa a célebre fotografia tirada por Robert Mapplethorpe, foi aclamado como um dos cem melhores álbuns de sempre. Patti Smith gravou onze álbuns em nome próprio e, recentemente, três com o projeto Soundwalk Collective. Os seus desenhos foram expostos no Gotham Book Mart, em 1973, e no Andy Warhol Museum, em 2002. Foram também alvo de uma mostra, juntamente com fotografias e instalações da sua autoria, na Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, em Paris, em 2008. Smith é autora de vários livros que a Quetzal tem vindo a publicar: Apenas Miúdos, em 2011; M Train, em 2016; e Devoção, em 2019. Recebeu, em 2005, a mais alta distinção da República Francesa no campo das artes, Commandeur des Arts et des Lettres. Em 2007, passou a integrar o Rock and Roll Hall of Fame. Patti Smith casou-se com o já desaparecido Fred Sonic Smith, em Detroit, em 1980. Tiveram um filho, Jackson, e uma filha, Jesse. Patti Smith vive atualmente em Nova Iorque.