quinta-feira, 2 de março de 2023

Os Clandestinos de Fernando Namora regressa às livrarias



Os Clandestinos, de Fernando Namora regressa às livrarias numa edição da Caminho, que tem estado a reeditar a obra do autor.

Memória da Resistência através de jornadas que empolgam, descida ao labirinto interior do protagonista num movimento para o regresso ao compromisso político, registo do quotidiano burguês entre vulgaridade, luxo, melancolia, análise também dos círculos oposicionistas sem atos nem horizontes ou, em contraste, num jovem, com o irredutível das opções metamórficas, Os Clandestinos, 1972, pela compleição romanesca – ideoleto, personagens (Vasco e Jacinta desde logo), efabulação, mestria compositiva –, por uma singularidade da escrita a renovar-se, é uma obra no topo do percurso de Fernando Namora e da literatura portuguesa legada aos leitores contemporâneos.

Sobre o Autor

Fernando Namora nasceu em Condeixa (15 de abril de 1919) e licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra. É no ambiente coimbrão, sobretudo no meio estudantil, que as suas primeiras obras se recortam, desde Fogo na Noite Escura, uma leitura crítica do ambiente universitário dos anos 40.

Fernando Namora é um dos mais destacados criadores do neorrealismo em Portugal, a sua arte literária acolhe diversos afluentes, entre os quais a tradição picaresca peninsular. Num período mais tardio da carreira de romancista, de ensaista e de poeta, Fernando Namora enveredou por soluções que reestruturam o movimento neorealista, levando-o a vencer alguma inércia e reiteração de soluções, superando os impasses que o iam pondo à prova.

Distinguido com diversos prémios literários atribuídos em Portugal, algumas das suas principais obras foram já adaptadas ao cinema, como O Trigo e o Joio (1965, por Manuel Guimarães), Domingo à Tarde (1966, por António de Macedo), A Noite e a Madrugada (1985, por Artur Ramos) e O Rapaz do Tambor (1990, por Vítor Silva). O escritor foi ainda galardoado com os Prémios Ricardo Malheiros, da Academia de Ciências de Lisboa, Grande Prémio SOPEM, 1972. Foi proposto para o Prémio Nobel da Literatura, 1981 pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo PEN Clube, e agraciado com a Grã Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique em 1988. Fernando Namora morreu em 31 de janeiro de 1989.