Outras músicas, para além do fado, estiveram sempre presentes na vida e na carreira de Mafalda Arnauth. E o fado, para além de outras músicas, esteve sempre latente na sonoridade dos Atlantihda. Por isso, e se para alguns, pode parecer completamente surpreendente ou inesperado este encontro entre a cantora de Lisboa e o grupo do Porto, basta ouvir o seu álbum de estreia conjunto – singelamente intitulado “Mafalda Arnauth & Atlantihda” – para se perceber que este cruzamento de vontades, de Mafalda e dos músicos dos Atlantihda, é absolutamente orgânico, vivo e apaixonante.
Uma das mais aclamadas fadistas da nova geração – e uma das suas pioneiras -, Mafalda Arnauth, sabia-se, passou os últimos anos a afastar-se gradualmente do fado embora sem nunca o renegar. Os Atlantihda, também se sabia, andavam em busca de uma voz que desse corpo e alma às suas novas canções que convocam o fado, sim, mas também chamam por outras músicas tradicionais portuguesas e de outras partes do mundo, para além da música erudita contemporânea mas acima de tudo uma sonoridade internacional. São canções em que os grandes temas estão sempre presentes – das inevitabilidades do amor à urgência em transmitir mensagens actuais – e que se inscrevem imediatamente na nova música urbana de raiz portuguesa.
Um encontro mais que perfeito...