Nos dias 28 e 29 de Setembro, o Festival Santa Casa Alfama regressa a Lisboa. A proposta é desfrutar do bairro de Alfama ao som do melhor guia possível: o Fado. E como tem acontecido ao longo dos anos, este itinerário passa pelas igrejas do bairro, lugares de culto que se transformam em palcos perfeitos para uma arte tantas vezes ligada a sentimentos como a devoção, a adoração e a fé. No dia 28, a Igreja de São Miguel vai receber Peu Madureira, uma das revelações deste ano de 2018. No mesmo dia, noutro sítio mítico do bairro de Alfama, a Igreja de Santo Estevão, o público vai poder desfrutar das vozes de Margarida Guerreiro e André Batista. E no dia 29, também na Igreja de Santo Estevão, espera-se o grande espetáculo “Avé Maria Fadista” com Cátia de Oliveira, Ana Pinhal, Nádia Bastos e Pedro Ferreira.
Com influências fadistas que passam por Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha, Camané, entre muitos outros, Peu Madureira não esconde aquelas que são algumas das suas maiores referências fora do Fado, nomes que definem também a sua abordagem à música, como Jacques Brel, Gilbert Bécaud, Edith Piaff ou Marino Marini. Desde 2002, quando começou a atuar ao vivo, Peu tem sido considerado um dos novos embaixadores do Fado, tendo já atuado em Espanha, Cabo Verde, Itália, Roménia, entre outros destinos. Em 2018 participou no Festival RTP da Canção com o tema “Só Por Ela”, com letra e música de Diogo Clemente. Os portugueses ficaram rendidos à voz de Peu, cheia de sensibilidade e profundidade, um belo exemplo de como o Fado pode aproximar-se do sagrado.
André Baptista nasceu em Lisboa a 19 de Abril. Logo foi viver para Sines onde passou toda a infância. Desde menino demonstrou ter um gosto especial pela música e é em Porto Covo, num jantar de magusto, que se estreia a cantar acompanhado de guitarra e viola. Entretanto conta já com dois trabalhos discográficos editados. O primeiro intitula-se “Um Fado Nasce”, um merecido tributo a Alberto Janes; o segundo, editado em 2013, chama-se “Gentes do Fado” e é totalmente composto por poemas escritos por alguns dos maiores fadistas da história. Dono de uma voz delicada e cheia de sensibilidade, promete conquistar o público presente nos bancos da Igreja de Santo Estêvão.
Margarida Guerreiro nasceu no Alentejo e em criança já era conhecida pela sua voz quente e pelo seu timbre singular, a tal ponto que em 1991 foi convidada a cantar num dos mais importantes concertos da sua carreira, um dos últimos concertos de Amália Rodrigues. Em 1997, Margarida venceu o prestigiado prémio Amalia Club de Fado, em Lisboa, e cinco anos mais tarde gravou o seu primeiro álbum, “Sal & Mel”, deixando como que uma porta aberta para o que viria a ser o seu segundo trabalho discográfico, “Encores Fado – Live”, um registo em parceria com Custódio Castelo. Os seus fados integram várias compilações (“Divas do Fado Novo”, “Saudade - Amália noutras Vozes”, “Fado Português”, “Fado Capital VI”, “Cantar Amália”...) e já participou em inúmeros festivais internacionais.
No segundo dia de festival, a proposta para a Igreja de Santo Estevão é absolutamente imperdível e chama-se “Avé Maria Fadista”.
“Mãe de Deus, se for pecado, tocar e cantar o fado, rogai por nós pecadores” são versos de Gabriel de Oliveira para um dos mais bonitos fados de sempre, interpretado por Amália Rodrigues e tantas outras fadistas. Não, cantar o Fado não é pecado. Aliás, esta canção carrega consigo toda a devoção dos portugueses, em especial à Virgem Maria, o que patente nas inúmeras composições criadas ao longo das décadas. Avé Maria Fadista é um espetáculo que se realiza num lugar cheio de significado, a Igreja de Santo Estêvão. Esta é uma compilação de temas que enaltecem a virgem e a crença dos portugueses. Jovens fadistas vão dar voz e alma a fados como “Avé Maria”, “Duas Santas”, “Cantilena da Boa Nova”, entre outros. Cátia de Oliveira, Ana Pinhal, Nádia Bastos e Pedro Ferreira são as vozes deste concerto, além do projeto Sax in Fado, uma agradável surpresa com Bruno Soares no saxofone e Tiago Alexandre na guitarra clássica. O acompanhamento vai estar a cargo de João Martins na guitarra, André Teixeira na viola e Sérgio Marques no baixo.