terça-feira, 6 de novembro de 2018

O Invisível de Rui Lage


Primeiro romance de Rui Lage, O Invisível, venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, por unanimidade. Segundo o júri, O Invisível é “um romance com notável fulgor imaginativo”, no qual “a figura histórica de Fernando Pessoa é tornada personagem de romance e colocada no centro de uma trama de ficção muito original, que cruza criativamente referentes conhecidos da época e cultura pessoanas, particularmente a sua vertente ocultista e/ou esotérica”.
Em 1931, fenómenos inexplicáveis semeiam o terror entre os habitantes de Cova do Sapo, um lugar isolado nas fragarias da serra do Alvão. Todas as noites, a aldeia é atormentada por entidades misteriosas e acorda com sepulturas violadas no cemitério. A exaustão abate-se sobre as gentes do povoado, incapaz de pregar olho. Ora, se existe alguém capaz de solucionar o mistério e acudir aos habitantes de Cova do Sapo, esse alguém é certamente Fernando Pessoa, poeta de Orpheu, médium, perscrutador da quarta dimensão, necromante e perito em assuntos astrais.
Neste engenhoso romance, a meio caminho entre o policial e o fantástico, Pessoa revela-se um detective com talentos muito particulares. O poeta, que detesta viajar e ausentar-se do ambiente de Lisboa, mergulha no mundo arcaico de uma aldeia serrana do Norte de Portugal, assediada por influências e presenças sinistras.

Rui Lage consegue revelar-nos de forma consistente, acutilante e cheia de momentos de humor um novo e fascinante Fernando Pessoa, entre o poético e o rocambolesco, o desassossego cósmico e o encantamento telúrico, a comoção com o visível e a pesquisa do invisível.
O Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, instituído pela Sociedade Estoril-Sol, resulta de uma parceria daquela organização com a Gradiva Publicações e tem o valor pecuniário de €10 000.  
O júri do Prémio é presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, e incluiu ainda José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, a catedrática de Literatura Maria Alzira Seixo e o escritor Liberto Cruz, convidados a título individual, e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril-Sol. A partir desta edição, o Prémio Revelação deixou de fixar um limite de idade para os concorrentes. Manteve, contudo, a exigência de serem autores portugueses "sem qualquer obra publicada no género".

Sobre o Autor

Rui Carlos Morais Lage é licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Literaturas e Culturas Românicas, na especialidade de Literatura Portuguesa. É autor de poesia, com sete livros publicados entre 2002 e 2016, entre os quais Estrada Nacional, que lhe valeu o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro 2016, tendo também publicado na área de ensaio, nomeadamente um título sobre Manuel António Pina. Na ficção infanto-juvenil, é autor da antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI.