terça-feira, 26 de março de 2019

"Sangue Irmão" é o segundo single de Homem Delírio


“Sangue Irmão” é o segundo tema divulgado do novo disco Homem Delírio pela dupla Um Corpo Estranho, com apoio da Fundação GDA.

Depois do primeiro single e vídeo “O Estrangeiro” já disponível nas plataformas digitais, João Mota e Pedro Franco, abrem os bastidores a todo o processo que envolveu o novo trabalho de originais num segundo vídeo, populado pelas várias intervenções de artistas locais que a banda compilou ao longo do processo.

“Tudo começa nas canções e nas letras, sendo que, durante a composição, surgiram vários personagens, arquétipos e paisagens, dando-nos, desde cedo, a noção de que este trabalho tinha de ser dilatado para fora da nossa esfera habitual. Quisemos alargar a música a outras vertentes artísticas e lançámos o desafio a cada parte envolvida. Havia a preocupação de procurarmos uma linguagem comum, ao mesmo tempo que incentivávamos a liberdade criativa de cada interveniente.”

A ilustração da artista plástica Rita Melo para a capa do disco foi o ponto de partida, dando uma cara e uma personalidade ao Homem Delírio, no fundo, a entidade-narradora que nos acompanha ao longo dos temas. Rita Melo está representada em várias colecções públicas e privadas, expõe individual e colectivamente desde 2004 e tem representado Portugal internacionalmente em diversos projectos. O realizador António Aleixo (com o apoio da Garagem produções e Souza Filmes) fez a interpretação visual do primeiro single e ligou-o com a ilustração e com a temática da letra, dando origem ao vídeo interpretado por João Bordeira.

Homem Delírio, produzido por Sérgio Mendes contou ainda com a participação musical de Celina da Piedade (acordeão) e Paulo Cavaco (piano). Todo este processo foi acompanhado e documentado através da lente dos fotógrafos Rui David, Xetubre e André Areias.

“Por fim a ideia alastrou-se ao tipo de espectáculo ao vivo que iríamos dar. Sentimos que este disco pedia mais do que o formato habitual de concerto. Lançámos o desafio ao Ricardo Mondim, com quem já tínhamos trabalhado anteriormente, e começámos a criar o que vai ser o universo cénico do disco. No fundo, cada trabalho é separado e tem uma expressão própria, sendo que cada peça, vídeo, música, espectáculo e ilustração servem para contar uma versão da estória deste disco.”

Sobre a estreia ao vivo, anunciada para dia 11 de Maio no Teatro São João em Palmela, a dupla avança que será um espectáculo que alia o teatro físico e a dança à música do disco.  Será interpretado pelos próprios membros da banda e Ricardo Mondim, a quem cabe também a encenação e o conceito plástico da peça. Homem Delírio é uma narrativa sem texto, para além das letras das canções, que parte da premissa de um universo distópico, em que Abelâmio, a personagem central, se move por entre ruínas e escombros de uma civilização caída, e se vê obrigado a reinventar o sonho e a esperança, respigando, pelo caminho, objectos e memórias de um passado esquecido, dando vida a elementos e figuras fantásticas que populam o seu imaginário. A produção cabe à Passos e Compassos tendo os figurinos ficado a cargo de Zé Nova, e conta percorrer o país ao longo deste ano.

Homem-Delírio é o 3º disco de canções de Um Corpo Estranho, 6º no percurso total do duo, que conta já, também, com três bandas sonoras para os bailados, A velha Ampulheta, Qarib e A Almofada da Paula, este último baseado na obra da pintora Paula Rego.

Neste novo registo o duo explora um universo mais introspectivo e intimista, apoiando-se numa poética inspirada no surrealismo e no teatro do absurdo, envolvendo os oito temas que o compõem em camadas ambientais mais densas que nos discos anteriores. Homem Delírio é, segundo a banda, um disco de ruptura com os universos dos discos anteriores, uma viragem necessária na sonoridade que tem vindo a caracterizar o projecto, ao mesmo tempo que assume uma aproximação ao lado mais ambiental que a dupla tem vindo a explorar nas composições para bailado, num assumido namoro ao terreno das artes plásticas e performativas.

Finalistas do Prémio José Afonso em 2015, escrevem em conjunto canções em português e têm vindo a compor para curtas metragens e peças de dança/ teatro físico.

Após dois discos, De Não Ter Tempo (2014) que conta com a participação de Celina da Piedade e inclui uma versão de um tema de Madredeus (acreditado por Pedro Ayres Magalhães) e Pulso (2016), considerado por alguma imprensa especializada como um dos melhores discos nacionais do ano (Santos da Casa RUC, Certeza da Música, No Sólo Fado), os Um Corpo Estranho estão de volta.