“Saliva” é o novo vídeo lançado como avanço para o álbum de estreia homónimo dos Tricycles, a sair a 29 de Março, pela Lux Records, gravado e produzido pelo Nelson Carvalho e a própria banda.
Há muitas canções de amor, mas não são nada fáceis de escrever com a dignidade que o amor merece. Então, os Tricycles optaram por escrever uma canção de amor-ódio. Como não gostam de coisas anémicas, puseram imenso amor-ódio nela, muita saliva, unhas e contradições, o mesmo piano martelado do princípio ao fim, saudade e desprezo (por vezes apaziguado pelas guitarras e outros pianos e todos os outros sons de velhos sintetizadores que estavam escondidos no estúdio) e deixaram ferver até evaporar. O resultado é uma música íntima, coberta de sal na ferida.
O vídeo, em desenhos animados, demorou alguns meses a fazer, frame a frame, com muita paciência, muito amor e, desta vez, sem qualquer pitada de ódio. Foi realizado por João Taborda, com a colaboração de Afonso Barata e editado por Edgar Gomes e João Taborda.
Os Tricycles gostam de andar na estrada, como qualquer veículo digno desse nome. A energia da lua no alcatrão quente sobe pelos pedais até ao volante e explode em concertos onde o público e a banda comungam raivas e melodias.
Os Tricycles irão participar no EPICENTRO!, evento com curadoria da Lux Records e da Blue House, a decorrer no Salão Brazil, em Coimbra. Sobem ao palco a 20 de Abril, na noite final, que contará também com Ruze e ainda com os The Parkinsons, como cabeças de cartaz. Muito boa companhia.
Os Tricycles são João Taborda (António Olaio & João Taborda), Afonso Almeida (Cosmic City Blues, Sequoia), Edgar Gomes (Terb) e Sérgio Dias. Começaram a ser fabricados quando o Sérgio (bateria) e o Edgar (baixo) se juntaram ao Afonso (guitarra, voz) e ao João (guitarra, teclas, voz), que já andavam a fazer música juntos há algum tempo.
Imaginem um triciclo no alto de uma duna, a ver o mar, a sentir o sol quente nas rodas pintalgadas de areia, com uma certa comichão no volante por causa da humidade salgada, e a pensar: “Apetece-me apanhar o próximo barco para Marte e desviá-lo até ao centro do Sol”. É mais ou menos isto que os Tricycles são. Uma coisa vagamente improvável, um conjunto de kidadults de rumo duvidoso mas com histórias para contar, cheias de pessoas que poderiam existir. E de facto existem, em calmas músicas prontas a explodir, lentamente, a mil à hora, com suavidade, ou em rugidos de guitarras zangadas e pianos falsamente corteses, de rudes baixos a conversar com educadas baterias.