quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

6ª edição dos Encontros do DeVIR


A 6ª edição dos Encontros do DeVIR, que se realiza entre 13 de Março e 30 de Maio, apresenta 28 criações e 12 reflexões, entre espetáculos, exposições, colóquios e performances em vários espaços dos concelhos de Faro, Loulé e Lagos. Este ano a programação do festival é concebida em torno do tema "resgate", uma vez que recupera obras e criadores que são marcos da história da dança contemporânea nacional e internacional, presta homenagem à coreógrafa alemã Pina Bausch e ainda propõe uma reflexão sobre diferentes caminhos para resgate do Planeta.
A maior parte dos espetáculos são apresentados em dupla.

Este festival temático tem o propósito de pensar o nosso território, aliando o social ao cultural, o ecológico, o científico e político ao artístico, recorrendo ao trabalho de investigadores e cientistas e a encomendas de criação a escritores, a artistas das artes visuais e a criadores das artes do espetáculo, afirma José Laginha, diretor artístico dos encontros do DeVIR.

A Sagração da Primavera
A abrir o festival no dia 13 de Março, no CAPa, Centro de Artes Performativas em Faro, vão ser apresentadas duas versões de Sagração da Primavera, célebre tema do compositor Igor Stravinsky: uma pelo conceituado coreógrafo francês Xavier Le Roy, cuja estreia decorreu na Bienal de Veneza em 2018; e outra pelo criador espanhol Roger Bernat, em que os espectadores são os protagonistas do espetáculo.

No dia 2 de Maio, no Teatro Municipal de Faro, é apresentado SACRE, uma versão atípica do coreógrafo israelita Emanuel Gat, que prova que é possível dançar salsa com a música de Stravinsky.
Este espetáculo é constituído por SACRE e mais 3 duetos: Milena & Michael, Sara & Thomas e Geneviève & Karolina, três reflexões sobre o ato de dançar.

A homenagem a Pina Bausch
O ciclo Pina Bausch é uma homenagem a uma das maiores coreógrafas e bailarinas do século XX.
Deste ciclo faz parte Nelken Line, um workshop dirigido à comunidade onde todos, com ou sem experiência, podem experimentar dançar Pina Bausch. Esta é uma ação realizada em espaços públicos de Faro, Loulé e Quarteira, que aproveita as paisagens urbanas, transformando-as em cenários de criação, cujo resultado final será apresentado no dia 14 de março no Cineteatro Louletano, em Loulé e no dia 21 de março no CAPa, Centro de Artes Performativas em Faro.

Seguidamente, Raphaëlle Delaunay, ex-bailarina do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, apresenta Debout!, uma obra com claras referências ao trabalho com Bausch enquanto sua intérprete, que levanta questões como: qual o papel do bailarino/intérprete no trabalho desenvolvido com os coreógrafos?
Raphaëlle Delaunay vai também estar à conversa com o público português sobre como é trabalhar com Pina Bausch e depois vão ser exibidos os filmes “Sagração da Primavera” e “Pina”, realizado por Wim Wenders, para melhor conhecer o trabalho da coreógrafa alemã desaparecida em 2009. 

O resgate de obras icónicas da dança contemporânea de diferentes países
No dia 27 de Março no Teatro das Figuras, em Faro, Vera Mantero regressa ao festival para apresentar Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois, um espetáculo de 1991 que marcou decisivamente o percurso da coreógrafa portuguesa e que foi apresentado pelo DeVIR em 1994.
Logo de seguida o libanês Bassam Abou Diab apresenta Under the Flesh, obra que narra as vivências de um povo em guerra desde 1993 e que questiona os movimentos migratórios políticos que têm como destino a Europa. Também esta obra já tinha sido apresentada nos encontros do DeVIR,

Doze anos depois da sua primeira apresentação em Portugal pela DeVIR, é apresentado Beautiful Me, um solo do coreógrafo e bailarino sul-africano Gregory Maqoma, que partilha palco com quatro músicos que prometem contagiar o público com a sua música africana. Este espetáculo conta ainda com a leitura de um texto inédito de João Tordo sobre o resgate em resposta a uma encomenda destes encontros, com ilustração de Mantraste em tempo real. Beautiful Me é um espetáculo para ver nos dias 3 de Abril em Loulé e no dia 4 de Abril em Lagos. 

Do Brasil chega-nos Entre contenções, um solo de Eduardo Fukushima, ele que é um dos mais premiados coreógrafos da dança contemporânea brasileira. Depois Francisco Camacho apresenta O Rei no exílio — remake, a reposição de um solo marcante da dança contemporânea portuguesa, que se centra na figura de D. Manuel II, o último Rei de Portugal, e que faz o retrato dum país por vezes irónico, por vezes controverso, mas onde a solidão é permanente.

No dia 9 de Maio, no Cine-Teatro Louletano, é apresentado ANIMALE, uma obra que estreou na Biennale Danza Venezia 2018 e com a qual Francesca Foscarini recebeu o prémio de coreógrafa emergente. Animale é o resgate da natureza e do humano no que tem de sublime e de animalesco, é a dança no absoluto. No mesmo dia, a coreógrafa suíça Tabea Martin apresenta Dueto para dois bailarinos, uma criação sobre a liberdade de escolha, onde dois homens procuram encontrar-se nas muitas perguntas que assaltam os intérpretes de dança contemporânea. 

A era do Antropoceno: caminhos de transformação para o resgate do Planeta
No dia 21 de Março vai ser apresentado em Faro Retrospective de Jérôme Bel, um dos mais desconcertantes e surpreendentes criadores do nosso tempo. Este espetáculo, que estreou no Festival de Outono 2019, em Paris, é um manifesto contra as alterações climáticas e conta ainda com a leitura de um texto inédito de Jacinto Lucas Pires sobre o tema do festival e com a ilustração em tempo real de Marc Parchow.

Ainda neste contexto, vai realizar-se no dia 23 de Maio um colóquio e um atelier para reflectir sobre a era do Antropoceno e mostrar caminhos de transformação para o resgate do Planeta, particularmente no território português, envolvendo o público, investigadores, cientistas e fotógrafos.

As atividades paralelas
Paralelamente à apresentação dos espectáculos, vão ser desenvolvidas um conjunto de acções de formação, encontros/conversas com criadores, exposições, percursos e visitas acompanhadas na Serra do Caldeirão e na Ilha da Culatra, e eventos onde se analisará, sob diversos pontos de vista, o tema do Festival.

A organização da sexta edição do Festival encontros do DeVIR é da responsabilidade da DeVIR/CAPa, estrutura financiada por Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes. É uma iniciativa co-financiada pelo programa «365 Algarve», Turismo de Portugal, Câmara Municipal de Faro, Câmara Municipal de Lagos e Câmara Municipal de Loulé.