O filme Caso J realizado por José Filipe Costa (“Linha Vermelha”, 2010) , recebeu o Prémio de Melhor Curta de Ficção na 6.ª edição do Ver Cine - Festival de Cinema da Baixada Fluminense, Brasil.
Esta curta-metragem de ficção encena um dos muitos casos de violência policial arbitrária no Brasil. Produzido por Uma Pedra no Sapato (Terra Franca, Balada de Um Batráquio...), “O Caso J.” integrou a selecção oficial de vários festivalis, entre eles o 24º Festival de Cinema da Vitória (Brasil), Kinoforum - Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (Brasil), IndieLisboa (Portugal), Dehli - Festival Internacional de Curtas Metragens (Índia) ou Festival de Cinema Latino e Ibérico em Yale (EUA).
Sinopse
Quem era J., um jovem morto pela polícia do Rio de Janeiro? Onde trabalhava? Por onde circulava? Com quem se relacionava? Um tribunal é um teatro e a morte pode ser uma montagem.
A curta-metragem "Caso J" parte de um interrogatório à mãe de um jovem morto por polícias, para o transformar numa peça de teatro, em que cada um dos agentes sabe de antemão o papel a desempenhar num jogo viciado.
Segundo o realizador, “o processo que me conduziu à realização desta curta elevou a outro grau a noção de que o teatro antes de subir ao palco já está no meio da vida e da morte, que forjar uma imagem, construir uma ficção é um modo de decidir sobre a vida de alguém, inventar comunidades, instituir regimes e perpetuar violências.”
Esta criação é fruto de uma pesquisa do autor no Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, em 2013/14, na qual constatou existir um elevado número de jovens mortos em confronto com a polícia, na sua maioria negros, provenientes das favelas ou zonas periféricas da cidade. Estas "mortes em decorrência de intervenção policial”, são muitas vezes execuções sumárias, como muitas organizações não governamentais têm chamado a atenção.
Calcula-se que 4 a 5 homicídios são praticados diariamente pelas polícias em favelas. De janeiro a julho deste ano, já se registaram cerca de 895 mortos.
De acordo com Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2016, entre 2009 e 2015, 17.688 pessoas foram mortas pela polícia brasileira.