Quando foi preso em 2011, com mais uma dúzia de pessoas no Largo da Independência em Luanda, apenas por comparecerem a uma manifestação convocada anonimamente, já tinha muitos anos de rap, como radialista e MC livre de edições formais, que rapidamente passou do habitual egotrip a letrista comprometido com causas essenciais. Nas ruas em Angola, tanto dessa, como da última vez em que esteve detido, dizia-se que “o Brigadeiro Matafrakuxz” ou que o “Ikonoklasta”, tinha sido preso de novo. São muitos os heterónimos que utilizou ao longo de quase 25 anos de rap. Internacionalmente, adotou-se o nome civil de Luaty Beirão para espalhar a notícia de um grupo de jovens que foi preso por se reunir para estudar Gene Sharp, o que acabou por se tornar a maior campanha denunciadora do regime no poder há 40 anos até então. O caso Angola17 chegou a todos os cantos do mundo e, de MC ativo e comprometido, passou a ativista fulcral num período que só o tempo lhe dará a perspectiva ajustada. O MC foi secundarizado e Luaty Beirão tornado personagem principal. Hoje, com livros editados sobre a experiência como cidadão ou como um dos poetas Angolanos referenciais da sua geração, rima sem filtro e lança um single que faz tudo voltar ao início, como se do seu primeiro se tratasse, onde Ikonoklasta, o MC avesso a ícones, se define, começando pelo tal do Luaty Beirão, um “Meio demónio”.