sábado, 1 de fevereiro de 2020

Crónica "Sobre isto e aquilo" - Deolinda Laginhas


The Day After

O tema não é novo, mas é incontornável.
Em 31 de Janeiro de 2020, o Reino Unido, bateu definitivamente com a porta e sai da União Europeia.

Se em Junho de 2016 a decisão do Brexit apanhou o mundo de surpresa, é justo dizer que não terá sido tanto pela decisão dos ingleses, mas antes pelo abalo que este acto de coragem, podia trazer aos alicerces da união europeia.

Ao final de 47 anos, quase a completar bodas de ouro, este casamento faz-me lembrar as uniões modernas, em que os direitos individuais se sobrepõem  aos interesses comuns e em que a luta de personalidades são uma constante. 
Estou em crer que os ingleses entraram num relacionamento a com a certeza da inevitabilidade de um divórcio futuro.

O Reino Unido, aderiu à então CEE no ano de 1973, depois de ter visto a suas pretensões recusadas por duas vezes pelo veto do então presidente francês, General De Gaulle.  Fragilizado pela derrocada da Commonwealth, os ingleses entram num a Europa dominada,  pela França e pela Alemanha. Esta posição  subalterna desde sempre entrou em conflito com séculos de uma cultura imperialista, de luta, de estoicidade e de orgulhosamente sós na sua insularidade mas com uma visão de mundo e de globalidade, como poucos outros países se lhes podem comparar.   

Na verdade, imediatamente após a adesão, várias foram as vozes que se ergueram em defesa da soberania nacional, e em 1975, foi convocado um primeiro referendo sobre a permanência na CEE, tendo 2/3 votado a favor da continuidade como membro do então mercado único.
Em Junho de 2016, como todos sabemos o resultado foi bastante diferente. E hoje, 1 de Fevereiro, primeiro dia da libertação do jugo Europeu, o que mudou?  Basicamente, nada.

Fora das instâncias governativas, a vida do comum cidadão poderá ser diferenciada entre os gritos de euforia de uns e as lágrimas de tristeza de outros. O acordo de saída prevê um período transitório que deverá acabar a 31 de Dezembro deste ano – poderá ser pedido um prolongamento deste período, ainda que, haja quem “prefira morrer numa sargeta” a que isto aconteça. 

Hoje, foi só o primeiro dia … do resto da tua vida.

Apresentação Deolinda Laginhas

O meu nome é Deolinda Laginhas, 47 anos.
Desde sempre apaixonada pelas relações internacionais, área em que inicialmente me formei, descobri posteriormente o direito, tendo-me licenciado em solicitadoria, profissão que tenho vindo a exercer.
Sendo as minhas várias áreas de interesse, indissociáveis na minha forma de ver o mundo, procuro nesta crónica falar “sobre isto e aquilo”, procurando temas que pela sua actualidade e importância legal ou social mereçam aqui ser abordados.