sexta-feira, 27 de março de 2020

Assírio & Alvim publica O Livro de Horas e As Elegias de Duíno


A colecção de poemas O Livro de Horas foi escrita entre 1899 e 1903, em três partes, e publicada pela primeira vez em 1905. Por seu turno, As Elegias de Duíno datam de 1923. Esgotados no mercado há já algum tempo, ambos os títulos, em versão bilingue (Alemão/Português), são agora reeditados com novas capas.

Chama-se «Livro de Horas» aos breviários (livro de orações usado pelos sacerdotes) destinados a leigos, contendo orações para determinados momentos do dia, como é notório, em registo poético, no primeiro livro deste volume de Rilke. Foram amplamente difundidos do século XII ao XVI e ainda hoje são conhecidos os livros de horas franceses especialmente ilustrados e ricamente adornados. Os outros dois livros deste volume do Autor apontam para a vida como peregrinação, enfrentando adversidades como a pobreza e a morte. [...]
O Livro de Horas não só está na base da fama de Rilke enquanto poeta - foi o primeiro dos seus livros que se tornou muito conhecido – mas também marcou uma época na sua Obra. É o primeiro ciclo poético verdadeiramente acabado: não só por ter surgido de um triplo impulso inspirador investido de uma validade imediata, de tal modo que até a sequência da escrita pôde ser mantida como princípio ordenador, mas sobretudo porque no seu inventário de motivos, nas suas imagens e mitos, na sua estrutura formal e na sua fisionomia estilística projecta um modelo de mundo poético coeso. Deste modo alcançou o seu objectivo de «encontrar imagens para as minhas transformações» (SW III 699). Por isso O Livro de Horas marca o começo da sua obra poética da maturidade.
[do Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado]

Pois a pobreza é um grande clarão que vem do interior…
Rainer Maria Rilke

PVP: 17,70€



Rainer Maria Rilke (1875-1926), poeta de dimensão universal, nascido em Praga quando esta cidade ainda pertencia à Áustria, tendo vindo a morrer na Suíça, ergueu na sua obra maior As Elegias de Duíno a grande sinfonia da sua vida e do seu tempo, percorridos pela inquietação e pela angústia, dilacerados pela Primeira Guerra Mundial, envoltos nas vagas das novas filosofias – Kierkegaard, Nietzsche, Bergson –, atraídos pelas novas descobertas no campo da psicologia humana – Freud – e no campo da ciência e da tecnologia. Se a vida e a morte impressionam profundamente a sua sensibilidade, não menos o fazem o amor e a dor, a alegria e a tristeza. Na genial e dolorosa experiência da escrita d' As Elegias de Duíno, Rilke encontra o elo de união entre todas essas realidades diversas e o tom elegíaco, expresso em ritmos livres, dá lugar ao tom elegíaco-hínico, uma vez que o equilíbrio encontrado se exalta e proclama. [...]
[da Introdução de Maria Teresa Dias Furtado]

Se eu gritar, quem poderá ouvir-me, nas hierarquias dos Anjos? E, se até algum Anjo de súbito me levasse para junto do seu coração: eu sucumbiria perante a sua natureza mais potente. Pois o belo apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar, e se tanto o admiramos é porque ele, impassível, desdenha destruir-nos. Todo o Anjo é terrível. […]
Rainer Maria Rilke

PVP: 14,40€