quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Primeira exposição individual de Tonio Kröner em Portugal


Entre 9 de Novembro e 2 de Fevereiro, o espaço expositivo Lumiar Cité, em Lisboa, apresenta a primeira exposição individual em Portugal da obra de Tonio Kröner (Alemanha, 1983), em que o artista evoca o programa televisivo “Os Marretas”, em cruzamento com a História da Arte recente.

A 25 de Janeiro de 2020, pelas 17h00, o artista estará na Galeria Lumiar Cité para uma conversa com o público.

No espaço expositivo apresentam-se várias pinturas evocando um autor do passado. A apropriação de um expressionismo gestual torna a tradução de Kröner numa pintura “tensa” e num não convencional conjunto de telas de juta.

Nas pinturas predominam diferentes tons de vermelho, que combinam com as paredes de tijolo do Lumiar Cité, e os tamanhos dos “originais” evocados são ligeiramente corrigidos para se ajustarem ao espaço. 

A tradução do expressionismo gestual para uma arte conceptual (desajeitada) sugere um lugar intermédio, um espaço desconfortável como uma mesa no meio de um restaurante onde ninguém se quer sentar. A equivoca falta de um fluxo livre de gestos e profundidades no expressionismo de Kröner permite-lhe contornar o problema da autenticidade, possibilitando que negoceie os seus termos relativamente a determinada época, quando o género masculino dominava a pintura de grande escala e o programa televisivo “Os Marretas”, aparentemente infantil mas dedicado a adultos, era transmitido.

Dois bonecos referenciam o programa televisivo, como eventuais figurantes, sem o protagonismo de Cocas ou Miss Piggy. Um deles está instalado no espaço expositivo, enquanto o outro se apresenta no escritório da Maumaus no centro da cidade (Campo dos Mártires da Pátria, 100, 1 esq., segunda a sexta, das 10h às 13h e das 15h às 19h).

O artista nasceu depois do final da década de 1970. Por meio de pesquisas e relatos, conhece esta época, entendendo-a sob a perspetiva de hoje (a sua), ainda ressoando psicologicamente como um momento de mudança geracional. Para além destes elementos sugestivos, a exposição não busca a elevação sensual ou a profundidade hermética: as referências alegóricas são o material para o artista jogar e trabalhar, subtraindo diferentes modos de experiências estéticas.