O actor norte-americano Raymond Lee veio a Portugal a pretexto da Comi Con e da estreia da segunda temporada da série “Quantum Leap”, canal SYFY.
Aproveitámos a oportunidade para entrevistar o actor e saber o que aguarda os fãs nesta nova temporada, o que é que Raymond Lee tem em comum com o personagem Ben Song e também como é que tem aproveitado o tempo livre em Portugal.
Cultura e Não Só (CNS): Como surgiu o convite para fazer parte da série “Quantum Leap”?
Raymond Lee (RL): Estava em Massachussets num espectáculo, e tinha um email que dizia que me queriam convidar para o papel principal em “Quantum Leap” e tinha também uma mensagem de voz no gravador do telemóvel com o mesmo convite, mas para mim não fazia sentido.
Liguei à minha manager e ela respondeu-me que “não, eles não te querem para esse papel, mas deixa-me tentar descobrir o que se passa”, e passado pouco tempo ela disse-me que afinal o convite para ser a personagem principal era a sério.
Acabámos por descobrir um guião da série, e quando o li soube imediatamente que queria fazer parte deste projecto televisivo.
Não era algo planeado ou que eu estivesse sequer à procura intensivamente, mas por vezes estes convites aparecem e eu sabia ter capacidade para fazer este projecto e para o fazer bem.
(CNS): O que é que o atraiu e o fez conectar com este programa?
(RL): Consigo identificar-me com o personagem principal, Dr. Ben Song, porque temos muitas semelhanças na nossa personalidade.
No início da primeira série ele começa do zero, sem memória da sua vida e do que lhe aconteceu até aquele momento.
O Ben tem de começar a construir a sua vida e sente-se como um peixe fora de água, e eu sempre tive esse mesmo sentimento ao longo da minha vida, por vezes propositadamente porque gosto de aprender coisas novas. E aqui estava o Ben Song, sem saber o que fazer, a tentar descobrir o seu caminho e no final de tudo acaba por salvar uma vida.
Achei que era de uma grande beleza e entendimento de que começamos do nada, aprendemos pelo caminho e antes termos a aprendizagem feita saltamos para algo totalmente novo.
(CNS): Foi fácil encontrar a alma deste personagem visto que tem de o ir construindo a partir do nada?
(RL): Não sei se foi fácil por na realidade não sei se já consigo compreender a alma do Ben Song, a meio da primeira temporada o bem percebe que se lembra de muito mais do que esperava, ele começa a questionar o porquê de levar a vida que leva, mas ao mesmo tempo, entende que é uma espécie de benção porque tem a habilidade de mudar a vida das pessoas.
(CNS): Todos os episódios são bastante diferentes, e salta de uma realidade para outra, qual foi o episódio mais divertido ou desafiante que já fez?
(RL): Sempre que tenho de usar saltos altos é difícil, e sempre que tenho uma cena de acção em que tenho de correr em saltos por estar a interpretar uma personagem feminina é muito difícil. Não esperava que fosse tão frio, porque estão sempre a colocar-me em situações em que passo frio e estou molhado. Nesta segunda temporada o tempo não tem estado do nosso lado, e acho que o público gosta de ver-me a levar tareia, a estar com frio e molhado, então a produção continua a colocar-me nessas situações. Esperemos então que se houver uma terceira temporada que o coloquem em locais mais amenos…
Mas isso não seria divertido porque parece que o público gosta é de ver-me sofrer (risos)
(CNS): O que podemos esperar desta segunda temporada?
(RL): Vai ter muito mais relações interpessoais, vamos mergulhar na especificidade que torna este grupo único.
Temos agora a oportunidade de introduzir outros hologramas na vida do Ben, e podemos contar com a força de cada um para ajudar o Ben a sair de uma situação específica, isto tem gerado dinâmicas muito divertidas.
Quando tivemos o Herbert "Magic" Williams, o actor Ernie Hudson, num dos saltos que irá acontecer esta temporada teve muito impacto devido à história pessoal de cada um e ao momento histórico em que este episódio decorre.
O público vai ter a oportunidade de ver a amizade entre o Ben e o Ian, e o que torna essa amizade tão especial.
Também foi criada esta separação entre o Ben e a Addison, em que os tivemos de afastar, tal como em muitas relações em que as pessoas se afastam e com sorte irão voltar a reunir-se.
Temos muito mais drama baseado nos personagens, algo que adoro.
(CNS): Está em Portugal para a Comicon, qual e o apelo que tem este evento para um actor e que tipo de retorno tem tido do público?
(RL): Estou a experienciar tudo isto em tempo real, e o mais engraçado é que temos estados envolvidos nesta bolha que é a série visto que acabámos de filmar a primeira temporada e começámos logo a filmar a segunda temporada sem intervalo, foram mais de 200 dias ininterruptos.
Nunca tinha tido a oportunidade de ver os nossos fãs, não havia ligação com eles, eu não leio muito do que se escreve sobre a série, mas vir a estes eventos e ver em primeira mão os nossos admiradores.
É incrível poder conhecê-los e ver o que atrai cada um para o Quantum Leap, existe uma ligação entre os fãs e a série, e acredito que temos os melhores fãs do mundo devido à humanidade e as histórias que querem ver.
(CNS): O que está a achar de Portugal até ao momento?
(RL): É horrível e não me estou a divertir (risos)… É um país lindíssimo, tem uma história muito rica e tenho aprendido muito sobre o país.
Tudo o que sabia limitava-se às equipas de futebol, Cristiano Ronaldo, mas desde que cheguei tenho provado a vossa comida, o marisco, o peixe, é fenomenal e provavelmente do melhor que já comi.
Ontem fizemos um walking tour em que andamos mais de 5 km no Porto, vi a catedral, a torre dos Clérigos, o Palácio da Bolsa, e puder aprender a origem do nome Portugal.
Tenho aproveitado para beber Vinho do Porto sem parar.
Como estou aqui com a minha mãe é uma oportunidade para partilharmos estes momentos juntos.
(CNS): E o que pudemos esperar relativamente a futuros projectos?
(RL): Estou a trabalhar num filme com a Lilly Gladstone, actriz que participou no filme “Assassino da Lua das Flores”, fizemos um filme chamado “The Unknown Country” e esta próxima película será a continuação desse filme.
Também tenho outros projectos em que estou a trabalhar com alguns amigos, mas ainda não existe muito que possa divulgar sobre esses trabalhos, mas principalmente estou a aguardar para começar a terceira temporada do “Quantum Leap”.
Entrevista conduzida por Rui Cardoso em exclusivo para o "Cultura e Não Só".