segunda-feira, 11 de março de 2024

“A Noite”, de José Saramago, em homenagem aos 50 anos do 25 de Abril no Casino Estoril



O Casino Estoril acolhe uma dupla sessão de espectáculos de “A Noite”, de José Saramago, no ano em que se comemoram os 50 anos da revolução de 25 de Abril de 1974. A Yellow Star Company apresenta a primeira peça de teatro escrita pelo único prémio Nobel da Literatura de língua portuguesa. Espectáculos agendados para o dia 24 de Abril às 21h00 e 25 de Abril às 16h00, no Salão Preto e Prata. 

Na redacção de um jornal, em Lisboa, na noite de 24 de abril de 1974, a rotina vai ser interrompida pela discussão entre o redactor da província, Manuel Torres, um jornalista de alma e coração que defende a verdade jornalística acima de qualquer outro interesse, com o seu chefe da redacção, Abílio Valadares, homem submisso ao poder político, que aceita a censura aos textos sem questionar e que conta com o apoio incondicional de Máximo Redondo, o director do jornal. 

Manuel Torres, que não tolera a ideia de o jornal ser constantemente manipulado por terceiros, está em constante luta ideológica com a chefia. Ele é um idealista que vai lutar para que a verdade volte às páginas do “seu” jornal e terá como aliados Cláudia, uma jovem estagiária, e Jerónimo, o linotipista, chefe do turno da noite. 

O conflito ganha uma dimensão, ainda, mais dramática quando surge na redacção o boato de que poderá estar a acontecer uma revolução na rua. O chefe de redacção proíbe que se publique qualquer notícia sobre o tema. 

A agitação e o nervosismo crescem no seio do jornal, com Torres e Jerónimo a exigirem que se confirme a veracidade dos factos e que os mesmos sejam notícia de primeira página no dia seguinte. Do outro lado da “barricada”, o director e o chefe de redacção tudo fazem para desvalorizar a alegada convulsão social, na certeza de que não irão imprimir notícia alguma, nem que para isso tenham de alegar uma avaria nas máquinas dos linotipistas. Está instalada uma micro-revolução na redacção. 

A incerteza cresce até que se consiga provar o que poderá estar a acontecer na rua. Mesmo depois de provados os factos, qual será a verdade que irá vencer? Haverá alguma notícia na primeira página da edição do dia seguinte? Ao longo de toda a acção, o contínuo do jornal, Faustino, que sabe mais do que aparenta e tenta manter uma atitude neutra, vai desconstruir alguns dos conflitos vividos na redacção.

Faustino é coxo de nascença e o seu andar atípico, que lhe dificulta a atarefada profissão de contínuo, visa ironizar sobre o estado do país e a velocidade com que o mesmo avança. Faustino simboliza o Zé-Povinho. Gosta quando o Torres o chama de Fastino que era a sua alcunha quando “jogava futebol”, por ser muito rápido...

Com encenação e adaptação de Paulo Sousa Costa e assistência de encenação de Luís Pacheco, “A Noite” reúne um elenco de luxo: Diogo Morgado (Manuel Torres, redator da província), Jorge Corrula (Jerónimo, chefe da tipografia), João Didelet (Máximo Redondo, Diretor da redação), Luís Pacheco (Valadares, chefe da redação), Elsa Galvão (Esmeralda, secretária da redação), Ricardo de Sá (Pinto, redator desportivo), Henrique de Carvalho (Fonseca, redator parlamentar), Sara Cecília (Cláudia, estagiária da redação), João Redondo (Faustino, contínuo).