quinta-feira, 30 de julho de 2015

«O Nosso Homem no Estoril», é um thriller político que revela o que a história não contou


O Nosso Homem no Estoril é um thriller que tem na base a queda de uma avioneta na Quinta da Marinha, em Portugal, um evento que ocorreu dias depois de começar o «levantamento nacional» contra o governo republicano de Madrid. Na avioneta, de volta a Espanha, seguia José Sanjurjo, o general que iria dirigir o «levantamento». A teoria de que não teria sido acidente, mas sim sabotagem, ganhou forma. Decorria o ano de 1936.

Sendo fácil juntar suspeitas ao caso, a dificuldade estava, no entanto, em obter factos e seguir pistas para descobrir a verdade, pois eram vários os interessados em ocultá-la. Em Lisboa, a investigação foi entregue ao inspector Miguel Neves que, sofrendo pressões da PVDE, recebeu instruções para seguir uma «pista comunista».  Duvida, curiosidade, interesse em descortinar o que na realidade se passara levaram este inspector a ir mais longe do que alguns desejavam. Com isso, entrou num terreno que lhe era desfavorável.

Segue um pequeno excerto a obra: «A morte de Sanjurjo não tinha sido um episódio isolado num Verão sonolento. Lisboa fervilhava de actividade e pode dizer-se que era um campo de batalha adjacente da guerra civil vizinha. Na tarde de 23 de Julho, Neves começou por receber a notícia de que Juan Ansaldo tinha desaparecido do hospital. O inspector ficou preocupado com o destino do piloto, sabendo da gravidade dos seus ferimentos. A hipótese de um sequestro ou de um assassinato não podia ser descartada. Ao mesmo tempo, o inspector perguntava a si próprio o que iria significar para a sua investigação o misterioso desaparecimento do piloto.»

Numa narrativa que junta personagens reais e ficcionadas, o autor aborda um período conturbado em Portugal e Espanha. O Nosso Homem no Estoril é o segundo livro da colecção «Entre Crimes» que a Gradiva lançou em Fevereiro de 2015. O primeiro título da colecção é A Tentação do Abismo: Sanz Blues, de Rui Araújo.

Sobre o Autor

Armand Travers (1984), nascido no Uruguai, residente na Alemanha, é microbiólogo e estreou-se na ficção com um romance intitulado A Invenção da Gripe.

A sua actividade principal tem sido a investigação, relacionada com várias epidemias que nos últimos anos alarmaram a comunidade internacional. Trabalhou principalmente sobre as epidemias da gripe e do ébola, estando actualmente a iniciar um projecto sobre o coronavírus.

Nas andanças que tem feito pelo mundo, em busca de seres microscópicos, foi encontrando histórias. Uma dessas andanças trouxe-o a Portugal, onde viveu durante dois anos. Laços familiares, herdados e adquiridos, despertaram o seu interesse por várias histórias portuguesas. Para contá-las, mergulhou na história recente do país à beira-mar plantado e deixou-se fascinar por ela. Temas, cenários e personagens portugueses abundam na sua escrita.