quarta-feira, 1 de junho de 2022

Exposição “As Almas da Baixa de Lisboa”



Está patente na Clínica Miguel Calhau, junto à Av. da Liberdade, em Lisboa, e com a chancela Nuno Duarte Photography, a primeira exposição de Nuno Duarte e que é a concretização de um projeto que começou a ganhar forma em Julho de 2019 quando o fotógrafo, que no passado foi jornalista mas que na altura se dedicava à produção de conteúdos e gestão de marketing digital, se tornou regular a fazer retratos de rua e a divulgá-los na sua página do Instagram.

“Sempre fui um apaixonado por fotografia, mas fazia-o de forma irregular e sem um tema específico. 2019 foi um ano de viragem: apaixonei-me verdadeiramente por captar as expressões humanas mais autênticas e comecei a divulgá-las”, partilha Nuno Duarte e acrescenta que, por isso, não faz fotos mas recolhe fotos.



Considera-se um nómada que percorre as ruas sem nunca saber de antemão o que vai encontrar. Não gosta de poses porque defende que a verdadeira magia de um bom retrato reside no facto deste conseguir captar a alma do fotografado: “Só assim o que o retrato mostra pode ser interpretado intemporalmente e por qualquer ser humano, independentemente da sua nacionalidade, cultura, raça, idade ou religião. A linguagem da alma é o idioma universal da nossa espécie e quando fica registada numa fotografia faz com que essa imagem, apesar de estática, comunique, ganhe vida e movimento.”

Na Baixa de Lisboa, o fotógrafo encontra a diversidade de seres humanos, ou melhor, de “almas”, que procura. No entanto, garante que para conseguir fazer os retratos que faz teve de começar a fotografar de forma diferente à de outros fotógrafos: “Sempre que é observada a alma esconde-se e, por isso, nunca peço autorização prévia a quem fotográfo. As pessoas estão habituadas a usar máscaras perante a câmara. As que se sentem à vontade, sorriem. As que são tímidas, retraem-se e, fruto dessa retração, não gostam de se ver e acham que não são fotogénicas. Certo é que sempre que avisadas de antemão que lhes vou fazer um retrato, escondem a alma e as suas emoções mais genuínas. Prefiro, por isso, que se descubram posteriormente.”



Até hoje, reconhece Nuno Duarte, todas as que se “encontraram” no seu perfil do Instagram gostaram e agradeceram os retratos que lhes fez: “Quando as poses são autênticas, mostram um momento ou uma história pura e, por isso, revelam sempre uma grande beleza”. De qualquer forma, logo acrescenta: “Se algum dia alguém não gostar, respeitarei a sua vontade eliminando a imagem.” 



Assume-se fascinado por uma boa história, algo que, no passado e associado ao facto de sempre ter gostado de escrever, o levou ao jornalismo. Agora, à medida que com o tempo e de forma assídua vai percorrendo as ruas da Baixa de Lisboa para “recolher fotos”, vai descobrindo as histórias associadas a alguns dos protagonistas das suas imagens: “Além dos turistas, alguns dos retratados são artistas de rua, outros são vendedores, outros ainda são mendigos… vim a conhecer, de forma direta ou indireta, as suas histórias. Por serem, tal como eu, habituais da Baixa, há já os que me identificam e dos quais conheço, inclusivamente, o nome e com os quais falo com alguma regularidade.”



Com a experiência entretanto adquirida “de Baixa”, o fotógrafo reconhece vê-la hoje com outros olhos; sente-se parte dela e, por isso, remata no trecho de apresentação da sua exposição dedicada às “Almas da Baixa de Lisboa”: “Quanto à Alma da Baixa, soma das almas que a visitam com as que nela vivem, continuo, de cada vez que nas suas ruas me embrenho, a deixar-me seduzir pelo seu canto de sereia. Sempre que o faço, na Baixa de Lisboa deixo um pouco de mim; comigo trago um pouco dela. E aos poucos, disparo a disparo, retrato a retrato, vou-lhe traçando o perfil. Vai a Alma da Baixa fazendo parte da minha e eu, cada vez mais, fazendo parte da dela.”

À partida inusitado, o espaço não foi escolhido ao acaso. Localizada na área-alvo do trabalho do artista, a Clínica Miguel Calhau é pertença de um amigo que lhe expressou a vontade de colaborar nesta sua primeira mostra.



"Para mim, como lisboeta, é marcante perceber a diversidade de gentes e o colorido que estas fotografias transmitem aos nossos olhos, tocando o nosso interior e mostrando o sorriso que nos nasce ao observá-las. Esta exposição, aqui na clínica, transforma o ambiente e faz com que todas as pessoas envolvidas – médicos, corpo clínico, staff, pacientes, amigos e família – vivam este espaço mais intensamente pelas emoções despertadas. O meu agradecimento ao Nuno, ao seu talento e empenho, que em muito valorizou estas singelas e antigas paredes com a verdadeira Alma da Baixa de Lisboa!”, diz Miguel Calhau, diretor clínico do espaço.


Sobre a Clínica Miguel Calhau
Abriu portas em 1949, pela mão do dr. Gil Pessanha Alcoforado, avô do seu atual diretor clínico, dr. Miguel Alcoforado Calhau. Mantém-se no mesmo espaço, junto à Av. da Liberdade, preservando a sua arquitetura clássica, mas atualizando-se continuamente no que respeita à tecnologia garantindo o conforto, eficiência e elegância de serviço que são a sua missão.


Exposição “As Almas da Baixa de Lisboa”
Clínica Miguel Calhau | Rua Camilo Castelo Branco, 2, 2º Drt., Lisboa
Segunda a sexta-feira | 9h às 18h
Entrada livre