quinta-feira, 13 de junho de 2019

O Perfume da Esteva



Chama-se «O Perfume da Esteva» o livro de estreia de Paulo Rosa. 

«O Perfume da Esteva» é um livro de poesia extraordinário, e raro. Nunca ninguém escreveu assim sobre a caça e a natureza. O autor, numa nota da contracapa, partilha: «Foram muitos anos de encantamento a observar animais silvestres, a fotografar, a ler, a ouvir e a rabiscar por puro deleite. Tentei despejar tudo a funil pelas entranhas de cada espécimen redigido. Estes versos, se assim
lhes posso chamar, são apenas uma pobre forma e alternativa, de partilhar sensações de momentos ricos da vida rural, talvez encasuladas num pretenso embrulho criativo. (...) Tentei envergar a pele de observador não participante e degredei o intimismo e a perspectiva da primeira pessoa, narcísica por natureza, consciente de que a importância universal do meu eu acaba na face da epiderme. Fiz estas coisas para me libertar de as ter cá dentro a escarafunchar. A publicação é apenas um tiro saído pela culatra: um acidente.»
Em Santarém, João Filipe Bugalho, que é também o autor da capa, destacou logo a abrir a sua apresentação de «O Perfume da Esteva»: «Além da poesia, são textos extraordinários no conteúdo, na cultura que traduzem, nas memórias que suscitam, na tradução das inebriantes revelações que o campo nos transmite, dos frémitos que sentimos no levante de cada peça de caça, no perfume do ládano, das flores silvestres e do pasto acabado de segar, nas luzes da madrugada, no cair do sol poente e tantas outras miríades de sentimentos e episódios que os caçadores descobrem no campo e que quem não os vislumbra diz, tantas vezes, serem mentiras. Algumas serão, ou pelo menos, verdades exacerbadas pelo entusiasmo e pela paixão.»

Já o escritor Sérgio Paulo Silva, também presente no evento, assinalou a propósito do livro que «quem ama os montes e os bichos, a caça e perfumes sublimes, como o das estevas, não poderá deixar de ficar enfeitiçado» com a poesia de Paulo Rosa.