Isabel Vaz e Luís Marques Mendes apresentam hoje às 18h30, no Hospital da Luz Lisboa, a autobiografia “Com o Coração nas Mãos”, do cirurgião cardiotorácico José Roquette.
Aos 75 anos, o médico lembra uma vida que o levou dos mares gelados da Terra Nova aos corredores estreitos do Hospital de Santa Marta. Dos estaleiros da Docapesca às clínicas privadas da Suíça. “Este é um ensaio sobre a medicina do meu tempo, sobre a evolução da sua prática em Portugal e sobre o legado que deixo neste mundo da Cirurgia Cardiotorácica.”
Na biografia “Com o Coração Nas Mãos” recorda as histórias da infância passada no Alentejo, a família que foi, e que continua a ser, tão importante, e o Sporting do seu avô (fundador do clube). Fala da cirurgia que fez a Álvaro Cunhal, os meses que viveu num contentor na Suíça e quando Eusébio estava nos cuidados intensivos. Mas também do mentor, Manuel Eugénio Machado Macedo, e tantos outros momentos marcantes da sua vida, como a superação de um cancro de pâncreas.
«Quando durante uma cirurgia ou no pós--operatório ocorre a morte de um doente, é sempre uma situação de enorme trauma. No primeiro caso para toda a equipa, no segundo para o cirurgião, e em ambos os casos para a família. Sendo, contudo, uma situação muito pouco frequente, não deixa, infelizmente, de ocorrer. Acho que todos os cirurgiões que trabalham em áreas de alto risco já a viveram. Todos teremos o nosso ‘cemitério particular’. Aqueles doentes que à noite nos surgem no nosso pensamento. A sensação de frustração que nos acompanha por não termos conseguido corresponder ao que nos solicitaram e que aceitámos fazer, curar um doente com as nossas mãos”, escreve o agora presidente clínico do Grupo Luz Saúde, para quem “De Coração Nas Mãos” não pretende ser “ um exercício egoísta ou de autovalorização, antes uma autoscopia” sobre tudo aquilo que conseguiu fazer, o que o deixa orgulhoso e as (poucas) coisas das quais se arrepende.