segunda-feira, 21 de março de 2022

Chamo-me Nuno e Sou Alcoólico


A Oficina do Livro edita, amanhã, terça-feira, 22 de Março, “Chamo-me Nuno e Sou Alcoólico, Uma Luta Para a Toda a Vida”, do jornalista Nuno Ferreira, grande repórter do Público e autor de livros como “Portugal a Pé”, que faz um relato corajoso e genuíno do combate que trava há décadas contra a depressão e o álcool. Ana Sousa Dias apresenta o livro, nesse mesmo dia, às 18h30, na Livraria Leya na Buchholz, em Lisboa.

Este é o relato na primeira pessoa de um homem – jornalista de profissão, pai de dois filhos, viajante e melómano – que caiu na armadilha da dependência do álcool e viu o seu mundo desmoronar-se lentamente. Uma história semelhante a muitas outras que, todos os dias, destroem vidas e famílias sob a capa da vergonha, da culpa e do silêncio, mas que, ao contrário dessas, é trazida a público pela coragem e autenticidade do seu protagonista.

Como escreve o também jornalista, Filipe S. Fernandes, no prólogo, "este não é um repositório de culpas nem um requisitório de culpados; oferece quando muito um programa de vida com dois princípios, a esperança e a luta, que vêm de longe, do princípio do mundo."

Sem filtros nem lugar para a autocomiseração, este é, simultaneamente, um murro no estômago, uma manifestação de força e um comovente sinal de esperança para todos aqueles que, directa ou indirectamente, sentiram na pele o flagelo das adições.

 “Mentiria se dissesse que só agora, em todo este tempo desde que saí da comunidade, é que tive tentações de beber álcool. Nada disso. Mas, ainda que as possa ter de vez em quando, procuro ser racional, pensar nas minhas pequenas conquistas, na lucidez que, entretanto, ganhei e na calma com que agora enfrento situações que outrora via como insuportáveis e ingeríveis. Sob o efeito do álcool nunca teria escrito este livro. Escrevi-o a pensar em mim e na catarse que representa, mas ofereço-o humildemente a quem possa ter o mesmo problema e se sinta mais acompanhado ao lê-lo. Digo-vos que não é fácil, que dois anos de abstinência não são nada – mas assumi um compromisso para comigo, em primeiro lugar, e para com os meus familiares que não desistiram nem desistem de mim. A minha mensagem é a de que se agarrem teimosamente aos que vos amam e que vos procuram ajudar também teimosamente. Tenho essa sorte. São poucos, mas bons. Espero que a minha experiência vos sirva para qualquer coisa. Do outro lado fica a cirrose, a possibilidade de um transplante, a rua escura e fria da morte. Não quero isto para mim e não quero isto para ninguém. A todos, deixo a minha esperança."

Sobre o Autor

Nuno Ferreira, 59 anos, é jornalista e natural de Aveiro. Foi colaborador permanente do Expresso entre 1986 e 1989, ano em que integrou a equipa que iria fundar o jornal Público, onde se manteve até 2006. De 2010 a 2015 colaborou com o site Café Portugal e a revista Epicur. Publicou os livros Ao Volante do Poder (Bertrand, 2007), Portugal a Pé (Vertimag, 2011), Portugal de Perto (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011) e Açores a Pé (Companhia das Ilhas, 2016).