Seiscentos anos depois da conquista de Ceuta pelos Portugueses, o historiador Luís Miguel Duarte volta à cidade para olhar o passado. Uma obra extraordinária que põe em causa muitas das nossas certezas...
“Completam-se este ano seis séculos sobre a conquista portuguesa de Ceuta. Excelente pretexto não para comemorar (comemorar o quê?), mas para evocar o acontecimento, para o repensar, para renovar as perguntas ao passado, aproveitando algumas sugeridas pelas sombrias inquietações do presente-futuro e, desse modo, tentar compreender melhor esse presente-futuro.” É assim que o historiador Luís Miguel Duarte, especialista em Idade Média neste período da nossa História, dá o tiro de partida para um livro único, que pela primeira vez pretende descentrar o olhar de Portugal, e procurar olhar este episódio, em primeiro lugar, a partir de dentro da cidade muçulmana, mas também das aldeias e montanhas que a cercam, pelos olhos dos muçulmanos de Gibraltar e dos castelhanos de Tarifa, sem fugir ao desafio de examinar a empresa na ótica portuguesa e examinar o protagonismo específico do Infante D. Henrique.
Numa linguagem clara, com o rigor histórico a que nos habituou, mas sempre com uma escrita empolgante e um toque de humor que o torna tão cativante, Ceuta 1415, editado pela Livros Horizonte, é um livro obrigatório tanto para historiadores, atentos às renovadas exigências desta “arte”, bem como para os portugueses que se interessam pelo passado e querem ir muito além do que nos contam os manuais escolares.
Luís Miguel Duarte é professor de História Medieval na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Investigador do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória), tem colocado o enfoque do seu trabalho sobretudo em temas como a justiça e a criminalidade, a história urbana e a história militar. É autor, entre outros, da biografia de D. Duarte, para a colecção “Biografias dos Reis de Portugal”, da Temas&Debates.