Madalena, espetáculo com direção artística de Sara de Castro, chega à Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II logo no início do ano, para cinco apresentações, de 6 a 10 de janeiro.
Pouco depois da estreia de Madalena, no Teatro Viriato, a 29 de fevereiro, começou um mês e meio de confinamento. Madalena era um espetáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e é também a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espetáculo, as atrizes atravessavam uma longa noite de luto, para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta.
Hoje, quase um ano depois da estreia em Viseu, Madalena é outro espetáculo. Atualmente, não só está interdito o contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro e que fez com que funerais fossem proibidos. Madalena continua a lembrar-nos que, sem contacto, somos menos humanos.
Madalena é um espetáculo com direção artística de Sara de Castro e dramaturgia da mesma e de Ana Pais. Em palco, estão Ana Brandão, Carla Galvão, Crista Alfaiate, Madalena Almeida, Paula Só, Cuca M. Pires e um coro composto por participantes do projeto Primeira Vez.